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Humanos farejam em "estéreo", afirma pesquisa
Experimento sugere que senso de olfato humano é melhor do que se supunha
Resultado mostra que o cérebro compara os sinais recebidos de cada narina
para obter pistas sobre a origem de um dado cheiro
Jess Porter
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Trilhas de cheiro seguidas por humano (à direita) e cachorro |
DA ASSOCIATED PRESS
Universitários com vendas
nos olhos que rastejavam pela
grama seguindo uma trilha
com cheiro de chocolate deram
a um grupo de cientistas americanos evidências de que seres
humanos possuem um senso
de olfato que os especialistas
julgavam impossível até agora:
farejar em estéreo.
O estudo indica que o cérebro humano compara a informação que recebe de cada uma
das narinas para obter pistas
sobre a origem de um determinado cheiro. E sugere que outros mamíferos fazem a mesma
coisa, diferentemente do que
imaginavam os cientistas.
Os humanos comparam sinais de cada uma das orelhas
para localizar a fonte de um
som. Mas a noção predominante era que os mamíferos não
podiam fazer o mesmo com os
odores, já que as narinas estão
próximas demais uma da outra
para captar sinais distintos.
"Nós refutamos isso", disse
Noam Sobel, da Universidade
da Califórnia em Berkeley. Ele
e seu aluno Jess Porter publicaram seus resultados ontem na
edição on-line do periódico
"Nature Neuroscience".
A nova pesquisa não é a primeira a sugerir a hipótese. Em
fevereiro, pesquisadores indianos afirmaram na revista
"Science" que ratos têm essa
capacidade. Mas Sobel e seus
colegas agora "abriram as portas para que isso seja aceito
completamente", disse o neurocientista Charles Wysocki,
do Chemical Senses Center.
O estudo relata cinco experimentos. Mas a maior parte dele
se concentra naquilo que um
grupo de voluntários foi capaz
de fazer na grama do campus.
No experimento, os alunos
tinham de usar apenas seus narizes para seguir uma trilha em
ziguezague de 9 metros na grama. A trilha foi criada com linha aromatizada com chocolate, mas os 32 participantes estavam equipados de modo a
não poder ver ou sentir a linha.
Dois terços dos voluntários seguiram a trilha com sucesso.
Mas, ao tentarem fazer o mesmo com tampões no nariz, todos falharam.
Em um outro experimento,
14 voluntários seguiam a trilha
com uma das narinas tampada
e depois com as duas livres. As
taxas de sucesso foram de 36%
e 66%, respectivamente.
Mas o que leva a crer que o
cérebro se beneficia de dois sinais? Talvez o sistema olfatório
apenas funcione melhor com
informações das duas narinas
-o sinal olfativo fica mais forte.
Para esclarecer isso, os cientistas testaram de novo quatro
voluntários, fazendo-os usar
aparelhos que controlavam o
fluxo de ar no nariz.
Um desses aparelhos funcionava como uma extensão do
nariz normal. O outro simulava
o efeito de ter apenas uma
grande narina. Embora a quantidade de ar inalado fosse a
mesma para ambos, os voluntários se saíam melhor quando
usavam o primeiro aparelho.
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