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COPENHAGUE 2009
Obama faz mudança do clima virar tema de defesa nacional
CIA abre unidade que lida com o tema, e o Pentágono deve incluir aquecimento global em seu relatório quadrienal
Presidente democrata vai
a Copenhague hoje, com a
intenção de destravar as
negociações no dia final da
conferência internacional
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Aos poucos, por incentivo do
presidente Barack Obama, a
questão da mudança climática
vira assunto de segurança nacional nos EUA. Nas últimas
semanas, a CIA anunciou discretamente a criação de uma
unidade para lidar com o assunto, a primeira da agência de
inteligência. No Pentágono,
uma oficial confirmou que o assunto constará de relatório
quadrienal a ser apresentado
ao Congresso, em fevereiro.
Os dois órgãos seguem movimentos semelhantes ao da comunidade de inteligência, que
em seu relatório, divulgado no
meio do ano, tratava o aquecimento global como uma das
ameaças à segurança do país, e
ao Departamento de Estado.
Como tudo que envolve a
CIA, não há muitos detalhes sobre o Centro de Mudança Climática e Segurança Nacional,
que foi anunciado em um texto
no site oficial e em um post na
página da agência no Facebook.
Mas sabe-se que a equipe americana que se encontra em Copenhague já recebe briefings da
nova unidade -uma de suas
funções é "dar apoio aos formadores de política norte-americanos ao negociar, implantar e
checar acordos internacionais
de questões ambientais".
O foco do centro é "o impacto
na segurança nacional de fenômenos como desertificação,
aumento do nível dos mares,
migrações populacionais e a
competição elevada por recursos nacionais", assim como
seus efeitos "em política econômica e instabilidade social em
outros países".
"Os tomadores de decisão
precisam de informação e análise sobre os efeitos que a mudança climática pode ter na segurança", disse o diretor da
CIA, Leon Panetta.
Caminho semelhante deve
seguir a Revisão Quadrienal de
Defesa de 2010, sendo preparada nesse momento pelo Pentágono. Por orientação do Congresso, hoje controlado pelos
democratas, o relatório do Departamento de Defesa norte-americana levará em conta as
recomendações do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), comitê ligado à ONU.
"As projeções do IPCC nos
fazem acreditar que eventos
climáticos graves aumentarão
em intensidade no futuro, e talvez também em frequência",
disse Amanda Dory, vice-secretária assistente de Defesa, em
entrevista à rádio pública NPR.
"Essa é uma missão em que já
somos requisitados com uma
frequência regular no apoio de
autoridades civis, em inundações, incêndios e furacões, e
acreditamos que há a possibilidade de esse tipo de pedido aumentar no futuro".
O fato de uma recomendação
de um comitê da ONU influenciar decisões do Pentágono
marca a guinada da Casa Branca sob Obama, um defensor da
causa ambiental e do multilateralismo. Mas a mudança ordenada pelo democrata serve
também a outros propósitos.
O primeiro é se distanciar de
seu antecessor, o republicano
George W. Bush, que passou os
oito anos de seu mandato bloqueando iniciativas na área. O
outro é agradar o chamado
lobby verde, que lucra com as
mudanças de política nessa
área e é uma das bases de apoio
principal do atual governo.
Obama chega hoje a Copenhague e, a exemplo do que fez
em Oslo na semana passada,
deve tocar de novo no assunto
em seus pronunciamentos.
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