São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

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COMENTÁRIO

Clarke batizou dino e asteróide

RONALDO ROGÉRIO DE FREITAS MOURÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde jovem Arthur C. Clarke mostrou uma fascinação pela astronomia, a ponto de utilizar um telescópio caseiro para desenhar um mapa da Lua. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu na Força Aérea Real como especialista em radares, envolvendo-se no desenvolvimento de um sistema de defesa por radar, sendo uma peça importante do êxito na batalha da Inglaterra. Depois, estudou Física e Matemática no King's College de Londres. Foi um dos fundadores da Sociedade Interplanetária Britânica, que presidiu durante dois períodos. Nessa época escreveu "Interplanetary Flight" (1950) e "The Exploration of Space" (1951), obras fundamentais de divulgação dos vôos espaciais.
Talvez sua contribuição de maior importância seja o conceito de satélite de telecomunicações, ao conceber a idéia da órbita geoestacionária também conhecida como órbita de Clarke. Ele propôs essa idéia em um artigo científico intitulado "Can rocket stations give worldwide radio coverage?", publicado na revista "Wireless World" em outubro de 1945.
Desde 1956, fixou residência em Colombo, no Sri Lanka (Ceilão), em virtude do seu interesse por fotografia e exploração submarina, onde permaneceu até a sua morte em 2008. Ficou famoso não só pelos seus romances de ficção científica mas principalmente por dois deles levados ao cinema, "2001: Uma Odisséia no Espaço" (1968) e "2010: O Ano em que Faremos Contato" (1984), sendo o primeiro considerado um ícone tão importante da ficção científica que especialistas lhe atribuem forte influência sobre a maioria dos filmes do gênero que lhe sucederam.
Com Carl Sagan, Paul Newman e Isaac Asimov, Arthur participou da criação da Sociedade Planetária -uma entidade direcionada para a exploração do espaço, com associados em todo o mundo- que, além de editar uma revista bimestral ("Planetary Report"), estimula doações aos programas espaciais que, com esse objetivo, vêm realizando pesquisas na procura de sinais de vida extraterrestre.
Em reconhecimento, o asteróide 4923 foi batizado com o nome de Clark, assim como uma espécie de dinossauro herbívoro, o Serendipaceratops arthurclarkei, descoberto em Inverloch, Austrália. Arthur Clarke -o mago da ficção científica e homem da ciência- traduziu a grandiosidade das descobertas espaciais na frase dirigida aos membros da Sociedade Interplanetária Britânica, 1946, e mais tarde reproduzida no "The Challenge of the Spaceships" de, 1955: "Nossa civilização não é mais do que a soma de todos os sonhos das idades anteriores. E tem de ser assim, pois, se os homens deixarem de sonhar, se voltarem as costas às maravilhas do Universo, acabará a história da nossa raça".


Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo e autor de mais de 85 livros, entre eles "Nas Fronteiras da Intolerância"


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