São Paulo, sábado, 19 de abril de 2008

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Luz altera conduta sexual de drosófilas

Fêmeas passaram a se portar como machos após terem grupo de neurônios ativado por pulso luminoso

DA REPORTAGEM LOCAL

Fêmeas de mosquinhas-da-fruta aprenderam literalmente a dar "cantadas" em busca de sexo, como se fossem machos, bastando para isso que os cientistas ligassem um "interruptor" no seu cérebro.
Isso mostrou para os pesquisadores que fizeram o experimento como os cérebros femininos e masculinos são basicamente "unissex".
Os responsáveis pela pesquisa começam o artigo descrevendo o achado na revista científica americana "Cell" (www.cell.com) de modo aparentemente óbvio: "Os machos e as fêmeas da maioria das espécies animais exibem profundas diferenças em comportamento".
Estivessem eles escrevendo em uma revista pop, teriam dito que "homens são de Marte, mulheres são de Vênus".
Mas, como a "Cell" é uma publicação séria, eles continuam: "Os machos de mosca-da-fruta, por exemplo, fazem a corte das fêmeas com um ritual cujo elemento central é uma vibração unilateral da asa". O som é quase inaudível para humanos.
Apenas os machos "cantam" essa música, e só as fêmeas respondem, permitindo a cópula. Pelo menos até agora. O comportamento mudou artificialmente, em um experimento realizado pelos cientistas Gero Miesenböck, da Universidade de Oxford, Reino Unido, e J. Dylan Clyne, da Universidade Yale, nos EUA.
Antes deste estudo já eram conhecidas as células nervosas -neurônios- responsáveis pelo "canto" masculino.
Também já se sabia que as fêmeas possuem em seu cérebro os mesmos circuitos ligados ao "canto". No entanto, estes não costumam ser ativados.

Manipulação mental
Miesenböck e Clyne "ligaram" artificialmente esses neurônios por meio de estímulos luminosos. Como quem acende uma luz piscante numa discoteca com o óbvio recado: cantem e dancem!
As fêmeas cantaram com suas asas, mas de modo diferente. Foi uma "cantada" com outro ritmo. Os autores acham que não é por "falta de prática", mas que deve ser algo derivado de sutis diferenças nos cérebros de machos e fêmeas.
"Machos e fêmeas não são tão diferentes como você poderia pensar", diz Miesenböck.
As drosófilas estão entre os organismos mais usados pelos biólogos para pesquisa, pela facilidade do estudo de seu material genético. E várias surpresas surgiram do estudo da sua sexualidade. Um estudo conseguiu produzir "moscas gays de proveta": machos mutantes com comportamento homossexual que não "cantavam" para as fêmeas.
(RICARDO BONALUME NETO)


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