|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA CIENTÍFICA
Economia não favorece criação de tecnologia pela indústria, diz diretor da Fiesp
Empresários de SP rejeitam lei de inovação
MÁRIO TONOCCHI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A proposta do Ministério da Ciência e Tecnologia para inovação tecnológica das empresas brasileiras, que deverá ser apresentada em projeto de lei ao Congresso
Nacional, não deve ter apoio de empresários de São Paulo.
"Sem aquecimento da economia, não tem mercado. Se não
tem mercado, não tem inovação",
disse ontem o diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo), Flávio Grynszpan, 58.
Ele representou a Fiesp no seminário Campinas Inova, na Unicamp, que discutiu as responsabilidades sobre a criação da tecnologia e a interação entre universidades e empresas.
Para Grynszpan, a política econômica brasileira não cria ambientes de competitividade que
façam com que os empresários
busquem soluções tecnológicas
para suprir as demandas de mercado. "As empresas reagem apenas às demandas. Ou esse mercado é criado internamente ou a política econômica deve também estar fortemente voltada para o exterior", afirmou o diretor.
Dentro das ações para a implementação da inovação tecnológica, segundo ele, devem acontecer
substituições competitivas de
produtos importados e qualificação de pequenas empresas.
O Brasil, de acordo com o representante da Fiesp, também não
oferece boas condições para os investimentos estrangeiros. "Sem liquidez no mercado de capitais, o
capital de risco não vem para o
país trabalhar com investimentos
em alta tecnologia", disse.
Além da falta de investimento
com capital de risco, o país também não vai conseguir implementar a política de inovação tecnológica se não financiar as grandes empresas brasileiras em projetos de pesquisas para aumentar
a competência e competitividade
no exterior.
O secretário-executivo do ministério, Carlos Américo Pacheco,
45, que coordenou a mesa de debates na Unicamp, disse que a implementação da política de inovação tecnológica é fundamental
para o país.
"O que precisamos é unir a infra-estrutura existente nas universidades e as competências empresariais para a aplicação das
tecnologias desenvolvidas nos
meios acadêmicos", afirmou.
Para a Unicamp, a proposta de
transferência de tecnologia é
bem-vinda. Hoje, as universidades aguardam pedidos de empresas para a transferência de tecnologia.
"Existe uma grande lacuna entre a geração de conhecimento e
formação de pessoal dentro das
universidades e as empresas. A
produção de conhecimento acadêmico não está se transformando em bens para o país", disse o
superintendente do Centro de
Tecnologia da Unicamp, Douglas
Eduardo Zampiere, 53.
A proposta do Ministério de
Ciência e Tecnologia será apresentada em forma de projeto de
lei ao Congresso até o final deste mês. A votação pode acontecer
até novembro deste ano.
Texto Anterior: Caso gera debate sobre sabedoria de grupo étnico Próximo Texto: Ex-reitor da Unicamp é novo chefe da Fapesp Índice
|