São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 2002

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POLÍTICA CIENTÍFICA

Economia não favorece criação de tecnologia pela indústria, diz diretor da Fiesp

Empresários de SP rejeitam lei de inovação

MÁRIO TONOCCHI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

A proposta do Ministério da Ciência e Tecnologia para inovação tecnológica das empresas brasileiras, que deverá ser apresentada em projeto de lei ao Congresso Nacional, não deve ter apoio de empresários de São Paulo.
"Sem aquecimento da economia, não tem mercado. Se não tem mercado, não tem inovação", disse ontem o diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Flávio Grynszpan, 58.
Ele representou a Fiesp no seminário Campinas Inova, na Unicamp, que discutiu as responsabilidades sobre a criação da tecnologia e a interação entre universidades e empresas.
Para Grynszpan, a política econômica brasileira não cria ambientes de competitividade que façam com que os empresários busquem soluções tecnológicas para suprir as demandas de mercado. "As empresas reagem apenas às demandas. Ou esse mercado é criado internamente ou a política econômica deve também estar fortemente voltada para o exterior", afirmou o diretor.
Dentro das ações para a implementação da inovação tecnológica, segundo ele, devem acontecer substituições competitivas de produtos importados e qualificação de pequenas empresas.
O Brasil, de acordo com o representante da Fiesp, também não oferece boas condições para os investimentos estrangeiros. "Sem liquidez no mercado de capitais, o capital de risco não vem para o país trabalhar com investimentos em alta tecnologia", disse.
Além da falta de investimento com capital de risco, o país também não vai conseguir implementar a política de inovação tecnológica se não financiar as grandes empresas brasileiras em projetos de pesquisas para aumentar a competência e competitividade no exterior.
O secretário-executivo do ministério, Carlos Américo Pacheco, 45, que coordenou a mesa de debates na Unicamp, disse que a implementação da política de inovação tecnológica é fundamental para o país.
"O que precisamos é unir a infra-estrutura existente nas universidades e as competências empresariais para a aplicação das tecnologias desenvolvidas nos meios acadêmicos", afirmou.
Para a Unicamp, a proposta de transferência de tecnologia é bem-vinda. Hoje, as universidades aguardam pedidos de empresas para a transferência de tecnologia.
"Existe uma grande lacuna entre a geração de conhecimento e formação de pessoal dentro das universidades e as empresas. A produção de conhecimento acadêmico não está se transformando em bens para o país", disse o superintendente do Centro de Tecnologia da Unicamp, Douglas Eduardo Zampiere, 53.
A proposta do Ministério de Ciência e Tecnologia será apresentada em forma de projeto de lei ao Congresso até o final deste mês. A votação pode acontecer até novembro deste ano.



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