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Aquecimento adianta primavera ártica
Organismos que habitam a região tiveram seu ciclo anual antecipado em duas semanas desde 1996, diz estudo europeu
Pesquisa acompanhou 21
espécies durante 9 anos;
efeito pode perturbar a
cadeia alimentar do Ártico,
zona mais sensível da Terra
DA REDAÇÃO
A primavera está mesmo
chegando mais cedo no Ártico.
O quão mais cedo acaba de ser
calculado por cientistas europeus: 14,5 dias por década desde 1996. É essa a medida da
confusão que o aquecimento
global está causando no relógio
biológico das criaturas da região mais sensível da Terra.
Isso significa que insetos e
aves estão chocando seus ovos
mais cedo e plantas estão brotando também mais cedo após
o derretimento da neve que cobre a região todo inverno.
O problema é que nem todas
as espécies se ajustam do mesmo jeito, e esse descompasso
pode perturbar toda a cadeia
alimentar do ecossistema ártico. Alguns mosquitos, por
exemplo, estão saindo do ovo
30 dias antes, mais cedo que a
média das espécies -incluindo
talvez seus predadores.
Por outro lado, afirmam os
pesquisadores da Universidade
de Aarhus, Dinamarca, o verão
prolongado pode ajudar algumas espécies, já que o frio é o
principal fator limitante ao seu
desenvolvimento.
O estudo, publicado na edição de hoje da revista "Current
Biology", é a primeira avaliação
sistemática da resposta dos organismos à mudança climática
naquele local do planeta.
Os pesquisadores, liderados
por Toke Hoye, acompanharam o comportamento de 21 espécies (12 artrópodes, seis
plantas e três pássaros) de 1996
a 2005 em Zackenberg, uma
zona intocada da Groenlândia.
O monitoramento mostrou
que, a cada ano, o florescimento das plantas, o surgimento
das larvas dos insetos e a chocagem dos ovos dos pássaros se
adianta um pouco. Isso acontece porque o ciclo de vida dessas
espécies está diretamente ligado ao degelo sazonal.
"Nosso estudo confirma o
que muitas pessoas já pensavam: que as estações estão mudando e não se trata apenas de
um ou dois anos quentes, mas
sim de uma tendência forte, observada por uma década", afirmou Hoye.
Os resultados do estudo de
Hoye e seus colegas mostram
que a mudança na chegada da
primavera tem sido mais acentuada no Ártico do que em outras regiões do planeta.
Estudos anteriores indicavam, por exemplo, que na Europa as plantas têm florescido
em média 2,5 dias mais cedo,
enquanto globalmente esse número é de 5,1 dias por década.
A observação é consistente
com o fato de que o Ártico é o
local do planeta que mais esquentou no último século: 2C
em média, contra 0,7C no resto do mundo.
Com "The Independent"
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