São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

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Aquecimento adianta primavera ártica

Organismos que habitam a região tiveram seu ciclo anual antecipado em duas semanas desde 1996, diz estudo europeu

Pesquisa acompanhou 21 espécies durante 9 anos; efeito pode perturbar a cadeia alimentar do Ártico, zona mais sensível da Terra

DA REDAÇÃO

A primavera está mesmo chegando mais cedo no Ártico. O quão mais cedo acaba de ser calculado por cientistas europeus: 14,5 dias por década desde 1996. É essa a medida da confusão que o aquecimento global está causando no relógio biológico das criaturas da região mais sensível da Terra.
Isso significa que insetos e aves estão chocando seus ovos mais cedo e plantas estão brotando também mais cedo após o derretimento da neve que cobre a região todo inverno.
O problema é que nem todas as espécies se ajustam do mesmo jeito, e esse descompasso pode perturbar toda a cadeia alimentar do ecossistema ártico. Alguns mosquitos, por exemplo, estão saindo do ovo 30 dias antes, mais cedo que a média das espécies -incluindo talvez seus predadores.
Por outro lado, afirmam os pesquisadores da Universidade de Aarhus, Dinamarca, o verão prolongado pode ajudar algumas espécies, já que o frio é o principal fator limitante ao seu desenvolvimento.
O estudo, publicado na edição de hoje da revista "Current Biology", é a primeira avaliação sistemática da resposta dos organismos à mudança climática naquele local do planeta.
Os pesquisadores, liderados por Toke Hoye, acompanharam o comportamento de 21 espécies (12 artrópodes, seis plantas e três pássaros) de 1996 a 2005 em Zackenberg, uma zona intocada da Groenlândia.
O monitoramento mostrou que, a cada ano, o florescimento das plantas, o surgimento das larvas dos insetos e a chocagem dos ovos dos pássaros se adianta um pouco. Isso acontece porque o ciclo de vida dessas espécies está diretamente ligado ao degelo sazonal.
"Nosso estudo confirma o que muitas pessoas já pensavam: que as estações estão mudando e não se trata apenas de um ou dois anos quentes, mas sim de uma tendência forte, observada por uma década", afirmou Hoye.
Os resultados do estudo de Hoye e seus colegas mostram que a mudança na chegada da primavera tem sido mais acentuada no Ártico do que em outras regiões do planeta.
Estudos anteriores indicavam, por exemplo, que na Europa as plantas têm florescido em média 2,5 dias mais cedo, enquanto globalmente esse número é de 5,1 dias por década.
A observação é consistente com o fato de que o Ártico é o local do planeta que mais esquentou no último século: 2C em média, contra 0,7C no resto do mundo.


Com "The Independent"

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