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Pele humana é "esponja" para gás tóxico
Experimento mostra que ozônio reage com óleos na epiderme e dá origem a compostos potencialmente irritantes
Presença de um único ser humano em um ambiente
fechado faz concentração do poluente cair em até 25%, mostram cientistas
DA REPORTAGEM LOCAL
O ozônio que circula em
grandes quantidades pelos ambientes fechados, como os dos
escritórios paulistanos, pode
ser ainda mais irritante para o
corpo humano do que se pensava até agora.
Cientistas descobriram que o
gás, ao reagir com compostos
oleosos que existem na própria
pele, liberam outros compostos, que são potencialmente perigosos tanto para a pele quanto para os pulmões. Eles podem
potencializar sintomas de asma, por exemplo.
A relação entre ozônio e pele
humana já era conhecida, mas
o experimento apresentado ontem na revista científica
"PNAS" revelou a produção de
novas substâncias até então
desconhecidas pela ciência.
Segundo os cientistas, os
compostos estavam sendo subestimados pelas outras técnicas de pesquisa.
No experimento, a dupla de
pesquisadores -Armin Wisthaler (Universidade de Innsbruck, Áustria) e Charles Weschler (Universidade Rutgers,
EUA)- reproduziu um escritório de 30 metros cúbicos.
Dentro dele, havia apenas
um único trabalhador, que acabou exposto ao ozônio, injetado
na sala pelos sistemas de ventilação, como ocorre no mundo
real. Na cidade de São Paulo, o
ozônio é um dos principais poluentes da atmosfera. E, por isso, também circular bastante
em ambientes fechados.
Após quatro horas, mostraram as medições do estudo, o
ozônio na sala teve uma redução de até 25%. Isso porque ele
reagiu com substâncias oleosas
da pele. Dessas reações é que
surgiram alguns tipos novos de
substâncias irritantes.
O ozônio, que tem efeitos poluentes em baixas altitudes, é
fundamental para a vida na
Terra em alturas mais elevadas.
O gás, por exemplo, barra a chegada de grande parte dos nocivos raios ultravioleta ao solo.
A pesquisa não analisou a relação direta que pode existir de
fato entre os compostos produzidos pela reação entre ozônio
e pele com eventuais doenças.
Mas, em tese, as reações químicas descritas agora são um
problema em potencial, dizem
os cientistas. Mesmo elas servindo também para reduzir o
ozônio no ambiente.
Os resultados da pesquisa
não apresentam apenas implicações diretas para o homem.
Alguns dos dados obtidos agora
poderão ser úteis para o controle do ozônio que circula pelos ambientes externos também. Esse gás é formado principalmente pela poluição que sai
dos escapamentos dos carros.
Os compostos oleosos que
existem na camada externa da
pele humana também estão
presentes em vários outros locais. É comum achá-los em superfícies de plantas, na serrapilheira (folhas soltas sobre o solo) e na lâmina d'água do mar.
É bem provável, segundo os
autores do trabalho, que nesses
locais, os óleos também apresentem um papel crucial no balanço do ozônio atmosférico.
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