São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

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Japoneses refazem dentes a partir de células isoladas

Estudo é primeiro transplante de órgão completo produzido por bioengenharia

Incisivo formado em placa de cultura com colágeno se desenvolveu normalmente, formando polpa, esmalte e vasos sangüíneos, diz grupo

DA REDAÇÃO

Pesquisadores japoneses disseram ter conseguido fazer a primeira reconstituição de um órgão por bioengenharia. O tal órgão, a princípio, não inspira muito respeito: trata-se de um incisivo de camundongo, de apenas alguns milímetros de comprimento. Mas o resultado foi grandioso: reimplantado no animal, o dente cresceu e manteve todas as funções originais.
O grupo liderado por Takashi Tsuji, da Universidade de Ciência de Tóquio, produziu os dentes a partir de células isoladas, cultivadas em laboratório.
Mas se engana quem acha que esta é mais uma proeza das células-tronco (aquelas capazes de se diferenciar em qualquer tipo de tecido). O que os pesquisadores usaram foram células dentárias primitivas, do chamado "germe" dental.
Essas células já são bastante diferenciadas e podem ser encontradas em tecido dental adulto. Elas integram o "broto" que aparece antes de os animais formarem um dente.
Após extraí-las, os cientistas as injetaram em uma espécie de armação de colágeno, o material que -como o nome indica- funciona como "cola" dos tecidos biológicos.
Depois de alguns dias de cultivo, descobriu-se que as células haviam amadurecido até formar os componentes de um dente normal, como dentina, polpa, esmalte, ligamentos e até vasos sangüíneos.
"Descobrimos também que isso ocorre com uma freqüência de 100% em 50 transplantes separados", escrevem os autores. O resultado da pesquisa foi publicado eletronicamente no domingo no periódico científico "Nature Methods".
"Terapias celulares têm sido desenvolvidas para restaurar a perda parcial de funções de órgãos", afirmam Tsuji e seus colegas. "No entanto, o objetivo maior da terapia regenerativa é desenvolver órgãos "bioengenheirados" completamente funcionais, que possam substituir órgãos perdidos ou danificados após uma doença um ferimento ou [por efeito da] idade", continuam.
Daí a aposta no uso de células do "germe" do órgão. O princípio também foi usado para recriar os bigodes dos animais.


Com Reuters


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