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Obesidade tem várias versões, conclui estudo
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Há gordos e gordos, dizem cientistas nos EUA. Um estudo publicado hoje na revista "Nature"
(www.nature.com) mostra que a
obesidade pode não ser uma só,
mas ter raízes diferentes no metabolismo celular e na composição
genética de cada indivíduo.
Analisando camundongos por
duas estratégias diferentes, os
pesquisadores chegaram à conclusão de que há dois subtipos de
roedor obeso. Embora sejam
idênticos pelo lado de fora, no interior das células processos bem
diferentes estão acontecendo.
O estudo foi feito confrontando
uma análise do genoma dos animais obesos e da ativação (expressão) dos genes no organismo.
Pode parecer a mesma coisa, mas
não é. Analisar o genoma significa
descobrir quais são os genes que
aquele indivíduo possui -quais
as receitas das proteínas que fazem dele o que é. Analisar a expressão dos genes significa verificar quanto cada receita é utilizada
em cada organismo.
E o que eles observaram foi que
há pelo menos dois padrões diferentes de presença/ativação de genes, que acabam produzindo o
mesmo resultado aparente nos
camundongos avantajados.
O estudo envolveu também alguma análise com amostras humanas e de milho, mas apenas para demonstrar o quanto a estratégia de atacar o problema em duas
frentes serve a vários organismos
diferentes. O resultado para obesidade é, por ora, válido somente
para camundongos.
"Espera-se que eles encontrem
padrões similares em humanos",
diz Ariel Darvasi, da Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel,
pesquisador convidado para comentar o estudo na "Nature".
"Não exatamente os mesmos,
mas certamente haverá padrões."
Milhares de genes
O estudo foi elaborado e trabalhoso: "Foi mesmo um "tour-de-force'", diz Eric Schadt, autor do
estudo e cientista da Rosetta Inpharmatics, subsidiária da Merck
& Co., que trabalhou em conjunto com cientistas da Universidade
da Califórnia em Los Angeles na
realização da pesquisa.
"Gerar análises para 25 mil genes em humanos, camundongos
e plantas foi uma tarefa enorme,
exigindo especialidade significativa em desenvolvimento de algoritmos e de computação para genética estatística", diz. "Isso além
de toda a experimentação."
Há um consenso de que o grande resultado da pesquisa é a demonstração de que ela é possível e
funciona, muito mais do que ela
diz a respeito da obesidade. "Sim,
neste momento, os resultados são
definitivamente mais uma prova
de princípio do que pode ser feito
ao combinar genética e expressão
de genes", diz Schadt.
Entretanto, os resultados também dizem algo importante sobre
o futuro da medicina e o entendimento de certas condições clínicas. "Acho que a mensagem a levar para casa é a de que doenças
comuns como a obesidade são
muito complexas, com uma diversidade de genes e caminhos e
interações com o ambiente gerando diferentes formas da doença",
afirma Schadt. "Não será uma
única droga que conseguirá atingir todos os subtipos diferentes."
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