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BIOMEDICINA
Estudo britânico pode ajudar a desvendar ação de poluente sobre fertilidade e produzir óvulos para clonagem
Célula pode virar óvulo e espermatozóide
DA ASSOCIATED PRESS
Cientistas do Reino Unido
mostraram que células-tronco extraídas de embriões humanos podem se transformar em laboratório na forma primitiva das células
que originam óvulos e espermatozóides, abrindo a possibilidade
de que um dia óvulos e espermatozóides necessários a tratamento
de infertilidade possam ser cultivados numa placa de vidro.
Experimentos preliminares
também sugerem que os cientistas possam usar a técnica para
produzir um estoque de óvulos
para a clonagem humana. Mas o
benefício mais imediato do trabalho poderia ser uma compreensão
melhor de por que alguns homens e mulheres não produzem
óvulos ou espermatozóides e de
se compostos tóxicos no ambiente podem ter algum papel nisso,
disseram os cientistas, antes do
começo da conferência anual da
Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia.
"Isso pode nos permitir investigar os processos iniciais do desenvolvimento de (ovários e testículos) humanos", disse Harry Moore, professor de medicina reprodutiva na Universidade de Sheffield, no Reino Unido.
Muitos cientistas acreditam que
poluentes, como alguns pesticidas que imitam a ação de hormônios, possam interferir no desenvolvimento humano no estágio
em que são formadas as chamadas células germinativas -óvulos e espermatozóides- e que essa interferência pode causar malformações, infertilidade e possivelmente câncer.
"Desenvolvendo testes com células embrionárias que se diferenciam em germinativas, podemos
investigar a ação dessas substâncias em laboratório", diz Moore.
Células-tronco embrionárias
são as células-mestras do organismo. Elas aparecem quando o embrião tem poucos dias de vida, e
podem se desenvolver em qualquer tipo de tecido. Até agora, no
entanto, os cientistas não tinham
certeza sobre quando as células-tronco embrionárias começam a
se diferenciar em células germinativas primordiais, as precursoras de óvulos e espermatozóides.
Os cientistas só conseguem obter as células-tronco embrionárias destruindo os embriões -daí
o dilema ético em torno desse tipo
de pesquisa, já que, para religiosos, o embrião é um ser humano.
Os pesquisadores afirmam que
qualquer tratamento de infertilidade baseado nessa abordagem
-que poderia dispensar a necessidade de doadores de óvulos ou
espermatozóides- pode estar a
muitos anos de distância.
"Nós precisaríamos provar que
espermatozóides ou óvulos produzidos dessa forma são seguros
antes de podermos contemplar
seu uso para tratar pacientes",
afirmou Moore. Outros especialistas apontam que o desenvolvimento da Universidade de Sheffield pode também levantar questões éticas sérias.
"Isso abre possibilidades novas
e desafiadoras: uma vez que a técnica pode ser usada para gerar
óvulos a partir de células adultas
de um homem, casais gays poderiam ter filhos relacionados geneticamente a ambos", disse Anna
Smajdor, eticista médica do Imperial College em Londres.
"Homens solteiros poderiam
até produzir uma criança usando
espermatozóides próprios e um
óvulo fabricado, abrindo o caminho para uma nova forma de clonagem. A fertilidade feminina
não mais seria interrompida com
a menopausa", disse. "Essas possibilidades levantam questões sobre como definimos a paternidade e como decidimos quem terá
acesso a essas tecnologias."
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