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56ª SBPC
Eduardo Campos afirmou que projeto da Lei de Biossegurança precisa ser modificado para incluir células-tronco
Ministro defende pesquisas com embrião
SALVADOR NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, declarou
seu apoio às pesquisas com células-tronco embrionárias no país e
disse que o projeto da Lei de Biossegurança, atualmente tramitando no Senado, precisa ser modificado antes de sua aprovação.
As declarações foram dadas ontem, durante o primeiro dia de
conferências da 56ª Reunião
Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência),
que acontece em Cuiabá (MT).
"Há resistências localizadas
contra a liberação dessas pesquisas, essenciais para o desenvolvimento da ciência brasileira. O
MCT vai atuar firmemente em favor da liberação, no que, tenho
certeza, contará com o apoio da
SBPC e da Academia Brasileira de
Ciências", disse o ministro. "É
preciso encontrar uma redação
que contente a todo mundo."
O projeto foi alterado de última
hora em sua tramitação na Câmara, para atender às bancadas
evangélica e católica, que se
opõem totalmente à pesquisa
com células-tronco embrionárias.
E o governo quer vê-lo aprovado
o quanto antes, pois sua função
primordial era regulamentar o
plantio e a comercialização de
transgênicos no país.
Em princípio, a votação no Senado deve ocorrer em agosto.
Mas não é improvável que a aprovação fique para depois das eleições municipais.
As famosas células-tronco embrionárias são conhecidas por sua
capacidade de se converter em diversos tipos de tecido, oferecendo
potencial tratamento a doenças
hoje incuráveis, como diabetes e
males neurodegenerativos.
A polêmica toda gira em torno
do fato de que, para serem obtidas, essas células precisam ser extraídas de um embrião, que é destruído no processo.
Uma emenda ao projeto da Lei
de Biossegurança será proposta
pelo senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) quando as discussões
recomeçarem. Redigida com o
auxílio de cientistas, ela deve estabelecer a legalidade das pesquisas
com células-tronco embrionárias,
contanto que elas sejam extraídas
de embriões que seriam descartados pelas clínicas de fertilidade.
Além da Lei de Biossegurança,
Campos falou dos grandes investimentos estratégicos do MCT para os próximos anos. Eles incluem
o desenvolvimento dos programas espacial e nuclear e as pesquisas relativas ao Pantanal, ao cerrado e à Amazônia.
"Ainda neste semestre, deverão
ser retomadas as obras de reconstrução do Centro de Lançamentos
de Alcântara, no Maranhão, possibilitando a retomada do projeto
do Veículo Lançador de Satélites
(VLS) e a assinatura de contratos
para a utilização de Alcântara em
lançamentos internacionais."
"No programa nuclear, o principal objetivo é a conclusão da
construção do primeiro módulo
da unidade de enriquecimento de
urânio da estatal Indústrias Nucleares Brasileiras, em Resende
(RJ), vinculada ao MCT."
Campos também anunciou o
plano de investir R$ 15 milhões
até o final do ano em bolsas para a
formação de pesquisadores para
estudos amazônicos.
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