São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Próximo Texto | Índice

Gelo marinho ártico chega à menor extensão já vista

A um mês do fim da estação de degelo, área de mar congelado é de 5,26 milhões de km2

Valor é o mais baixo desde que a medição com ajuda de satélites começou, nos anos 1970; mínimo era de 5,32 milhões de km2, em 2005

DA ASSOCIATED PRESS

O gelo marinho do Ártico atingiu na última sexta-feira sua menor extensão já registrada. O alerta foi dado por cientistas do Centro Nacional de Dados sobre Gelo e Neve dos EUA.
As medições feitas com satélite mostram que, no dia 17 de agosto, o gelo marinho no oceano Ártico atingiu a extensão de 5,26 milhões de quilômetros quadrados. O valor é um pouco mais baixo que o mínimo registrado em 21 de setembro de 2005, 5,32 milhões de quilômetros quadrados.
"Hoje é um dia histórico", disse Mark Serreze, cientista-sênior do centro de pesquisas americano. "É a menor extensão de gelo que já observamos no registro de satélite, e ainda temos mais um mês de degelo neste ano", afirmou.
O Ártico é a região do planeta que mais tem sentido os efeitos do aquecimento global. O fenômeno é causado por uma aceleração do efeito estufa (o aprisionamento do calor irradiado pela Terra por uma capa de gases na atmosfera), provocada, por sua vez, pela emissão de gás carbônico (CO2) por atividades humanas -em especial a queima de combustíveis fósseis. O pólo Norte aquece mais rápido que o restante do planeta, e tem perdido 2,7% de seu gelo marinho permanente por década, segundo o IPCC (o painel do clima das Nações Unidas).
O gelo marinho ajuda a manter o equilíbrio térmico do Ártico, ao refletir 80% da luz do Sol. Quanto menos gelo marinho, mais radiação (até 90%) é absorvida pelo oceano, que esquenta -elevando mais ainda o termômetro na região.
Em junho e julho, verão no hemisfério Norte, o céu esteve muito limpo, o que lançou uma quantidade extraordinariamente alta de energia solar sobre as águas do Ártico. Mas, segundo Serreze, não é possível explicar o degelo deste ano só por fatores naturais.
O degelo é mais rápido do que o previsto pelos cientistas. O relatório do IPCC diz que o Ártico poderia ficar totalmente sem gelo em 2070 a 2100. Mas, segundo Serreze, à taxa atual, o derretimento total do oceano Ártico poderia vir em 2030.


Próximo Texto: Física: Morre Ralph Alpher, teórico injustiçado do Big Bang
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.