|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARDOLOGIA
Estudo explica ação benéfica do vinho tinto
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma equipe de cientistas britânicos anuncia hoje ter conseguido
elucidar parte do mecanismo bioquímico que dá aos apreciadores
do vinho tinto uma boa desculpa
para o consumo de uma taça diária. Testes laboratoriais comprovaram que compostos derivados
da casca da uva roxa inibem uma
das moléculas apontadas como
fator de risco para problemas nas
artérias coronárias.
A pesquisa lança luz sobre a capacidade do vinho de prevenir
problemas cardíacos, que já era
conhecida há algum tempo, mas
pouco compreendida.
Para testar a qualidade medicinal da bebida, pesquisadores expuseram células da aorta de bois a
diversos tipos de vinho e mediram em cada uma das amostras o
nível de endotelina-1. Essa é uma
das moléculas que atuam na contração de vasos sanguíneos, aumentando o risco de infarto em
pacientes com tendência à obstrução das coronárias por consumo excessivo de gordura.
"O estudo indica que os polifenóis [compostos químicos" do vinho tinto são responsáveis pelo
efeito", disse à Folha o pesquisador Roger Corder, que coordenou
os trabalhos no William Harvey
Research Institute, ligado à
Queen Mary University de Londres. "Isso provavelmente ocorre
por meio da inibição de uma família de enzimas -as tirosinas
cinases- que controlam a síntese
da endotelina", afirma.
O estudo avaliou o efeito de 23
tipos de vinho tinto, quatro de vinho branco, um de vinho rosé e
até do suco de uva roxa. Só os vinhos tintos, porém, interferiram
no processo de forma significativa. Saíram-se bem, "particularmente, os vinhos de uva Cabernet
Sauvignon", escreveu Corder em
trabalho que publica hoje na revista científica "Nature".
Os cientistas acreditam que o
estudo ajude a explicar aquilo que
é conhecido entre os europeus como "paradoxo francês": por que a
população da França apresenta
índice menor de males cardíacos
do que a britânica, se as duas têm
dietas igualmente ricas em gordura? A resposta provavelmente está
no consumo de vinho tinto, em
contraposição ao de cerveja.
"Pretendemos agora realizar
testes clínicos em humanos para
confirmar esse efeito [dos polifenóis"", diz o pesquisador.
Texto Anterior: Astrobiologia: Nasa acha açúcar em rocha extraterrestre Próximo Texto: Genoma: Grupo sequencia maior cromossomo humano Índice
|