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Bactéria influi em obesidade, diz estudo
Estudo americano mostra que proporção de um tipo de micróbio da flora intestinal é maior em magros que em gordos
Pesquisa confirma dados
anteriores, que mostravam
que aumento de peso pode
ser contagioso e causado
por vírus e outros parasitas
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
A obesidade pode, de fato, ser
contagiosa. Há meses se divulgou que alguns vírus podem
afetar as células de gordura.
Agora, novos resultados de pesquisa confirmaram o que já se
suspeitava: que bactérias podem influenciar as chances de
uma pessoa ser magra ou gorda.
É o caso dos trilhões de micróbios da flora intestinal. Pesquisas nos EUA mostraram que
gordos e magros têm proporções diferentes de dois grupos
básicos de bactérias. E estudos
com camundongos mostram
que a obesidade pode ser "contagiosa". Quando os micróbios
ligados a ela foram transplantados para camundongos sem
bactérias -e magros- a sua
gordura corporal aumentou.
Mas, antes que os gordinhos
corram atrás de antibióticos, é
preciso ressaltar que o achado é
apenas mais um fator a contribuir para o aumento de peso.
Não há dúvida entre os cientistas de que é a maior disponibilidade de comida altamente
calórica, e o aumento do sedentarismo, que têm causado a
atual epidemia de obesidade
em todo o planeta.
Há dois grupos básicos de
bactérias benéficas no trato
gastrointestinal: os chamados
firmicutes e os os bacteroidetes. Elas ajudam o organismo
humano a digerir alimentos
que de outra forma não seriam
aproveitados. A equipe de Jeffrey Gordon, da Escola de Medicina da Universidade Washington, de Saint Louis, Missouri (EUA), mostrou que, entre obesos, a proporção de bacteroidetes, que são menos eficientes que os firmicutes na digestão, é menor do que entre
pessoas magras.
"Nossas descobertas sugerem que a obesidade tenha um
componente microbial, que pode ter implicações terapêuticas
potenciais", escreveram Gordon e colegas em artigo na edição de hoje da revista científica
"Nature" (www.nature.com).
O estudo mostrou também
que, se a pessoa perde peso graças a dietas de baixa caloria, a
proporção de bacteroidetes
passa a aumentar.
"Nós não sabemos como as
bactérias sabem se elas estão
em um hospedeiro obeso ou
magro. Essa é uma questão-chave. E, talvez ainda mais importante, nós não sabemos
porque a bactéria no hospedeiro é mais eficiente do que em
pessoas ou em camundongos
magros", disse à Folha o pesquisador Randy Seeley, da Universidade de Cincinnati, da cidade com o mesmo nome no
estado de Ohio, EUA.
Seeley e Matej Bajzer fizeram um comentário sobre a
descoberta da equipe de Gordon, também publicado na
mesma edição da "Nature".
Como esse tipo de mecanismo surgiu também ainda é algo
misterioso. "De uma perspectiva evolutiva, se o seu corpo pudesse dizer às suas bactérias
para se tornarem mais eficientes, isso seria muito útil se você
estivesse em perigo de morrer
de fome", afirma Seeley.
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