São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

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Fêmea de réptil raro procria sem machos

Dragão-de-komodo, maior lagarto do mundo, pode ter "concepção imaculada", revela estudo britânico

DO INDEPENDENT

Duas fêmeas de dragão-de-komodo, a maior espécie de lagarto do mundo, surpreenderam biólogos ao se mostrarem capazes de procriar sem ter sido fecundadas por machos. A partenogênese, nome da "concepção imaculada" no jargão científico, foi observada em dois zoológicos na Inglaterra e descrita por biólogos em estudo na revista "Nature".
Os ovos de Flora, uma das fêmeas descritas, devem ter a casca rompida pelos filhotes no começo do ano que vem, afirma Kevin Buley, um dos curadores do Zoológico de Chester, onde vive o animal.
"Apesar de outras espécies de lagartos capazes de se auto-fecundar serem conhecidas, este é o primeiro registro em dragões-de-komodo", diz Buley. "Em essência, o que temos é uma "concepção imaculada", e como os ovos foram postos em maio pode ser que venham a se romper no Natal."
A outra fêmea, Sungai, vivia no Zoológico de Londres antes de morrer por velhice. Um teste de DNA póstumo revelou que alguns de seus filhotes nascidos em 2005 foram gerados por partenogênese.
Todos os filhotes da espécie produzidos por partenogênese são machos. De modo diferente do padrão mamífero, nesses lagartos os machos carregam dois cromossomos sexuais iguais, enquanto as fêmeas carregam dois diferentes.
Uma das ninhadas de Sungai nasceu em agosto de 2005, dois anos após ela ter recebido uma visita de um macho chamado Kimaan. Funcionários do zoológico achavam que ela tinha armazenado esperma -habilidade que algumas répteis possuem- durante todo o intervalo.
"Saber que o maior dragão do mundo pode se reproduzir assim sugere que outros répteis fazem isso com mais freqüência do que pensamos", diz Gibson. "Isso pode levar a mudanças na maneira com que gerenciamos programas de procriação desta e de outras espécies."
O dragão-de-komodo vive em várias ilhas da Indonésia, mas tem população pequena, fragmentada e sofre perda de hábitat. A espécie pode crescer até atingir 3 metros de comprimento e é o único lagarto capaz de comer presas maiores do que ele próprio. (Sua saliva tem uma fauna bacteriana altamente tóxica, capaz de matar presas por septicemia.)
Uma das teorias sobre a evolução da partenogênese nesses animais é que ela tenha surgido para a fêmeas colonizarem ilhas distantes sozinhas. Apesar de os filhotes partenogenéticos serem todos machos, eles podem cruzar com a própria mãe e gerar machos e fêmeas na próxima geração. "Em tese, uma fêmea do dragão-de-komodo na natureza poderia nadar para uma nova ilha e então estabelecer uma nova população inteira", diz Buley.


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