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Fêmea de réptil raro procria sem machos
Dragão-de-komodo, maior lagarto do mundo, pode ter "concepção imaculada", revela estudo britânico
DO INDEPENDENT
Duas fêmeas de dragão-de-komodo, a maior espécie de lagarto do mundo, surpreenderam biólogos ao se mostrarem
capazes de procriar sem ter sido fecundadas por machos. A
partenogênese, nome da "concepção imaculada" no jargão
científico, foi observada em
dois zoológicos na Inglaterra e
descrita por biólogos em estudo na revista "Nature".
Os ovos de Flora, uma das fêmeas descritas, devem ter a
casca rompida pelos filhotes no
começo do ano que vem, afirma
Kevin Buley, um dos curadores
do Zoológico de Chester, onde
vive o animal.
"Apesar de outras espécies de
lagartos capazes de se auto-fecundar serem conhecidas, este
é o primeiro registro em dragões-de-komodo", diz Buley.
"Em essência, o que temos é
uma "concepção imaculada", e
como os ovos foram postos em
maio pode ser que venham a se
romper no Natal."
A outra fêmea, Sungai, vivia
no Zoológico de Londres antes
de morrer por velhice. Um teste de DNA póstumo revelou
que alguns de seus filhotes nascidos em 2005 foram gerados
por partenogênese.
Todos os filhotes da espécie
produzidos por partenogênese
são machos. De modo diferente
do padrão mamífero, nesses lagartos os machos carregam
dois cromossomos sexuais
iguais, enquanto as fêmeas carregam dois diferentes.
Uma das ninhadas de Sungai
nasceu em agosto de 2005, dois
anos após ela ter recebido uma
visita de um macho chamado
Kimaan. Funcionários do zoológico achavam que ela tinha
armazenado esperma -habilidade que algumas répteis possuem- durante todo o intervalo.
"Saber que o maior dragão do
mundo pode se reproduzir assim sugere que outros répteis
fazem isso com mais freqüência do que pensamos", diz Gibson. "Isso pode levar a mudanças na maneira com que gerenciamos programas de procriação desta e de outras espécies."
O dragão-de-komodo vive
em várias ilhas da Indonésia,
mas tem população pequena,
fragmentada e sofre perda de
hábitat. A espécie pode crescer
até atingir 3 metros de comprimento e é o único lagarto capaz
de comer presas maiores do
que ele próprio. (Sua saliva tem
uma fauna bacteriana altamente tóxica, capaz de matar presas
por septicemia.)
Uma das teorias sobre a evolução da partenogênese nesses
animais é que ela tenha surgido
para a fêmeas colonizarem
ilhas distantes sozinhas. Apesar de os filhotes partenogenéticos serem todos machos, eles
podem cruzar com a própria
mãe e gerar machos e fêmeas
na próxima geração. "Em tese,
uma fêmea do dragão-de-komodo na natureza poderia nadar para uma nova ilha e então
estabelecer uma nova população inteira", diz Buley.
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