São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

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Evolução leva pais e filhos a duelo frequente

DA REPORTAGEM LOCAL

A estranha situação dos cavalos-marinhos não passa de uma imagem invertida do que se vê entre espécies mais "normais", nas quais a fêmea é que paga a maior parte dos custos da reprodução. De um jeito ou de outro, a evolução sempre propicia inúmeras oportunidades para conflitos de interesse entre os pais -ou entre os pais e a prole.
Em geral, um dos sexos faz um investimento de tempo e energia muito maior que o do outro no futuro dos bebês, seja produzindo óvulos (muito mais "caros" para o organismo do que espermatozoides), seja dando ao embrião semanas ou até meses de proteção e muitos nutrientes durante a gravidez.
A contrapartida disso é o "direito" de escolher os parceiros de qualidade mais elevada, que competem entre si pelo acesso ao sexo que cuida da prole. Na maioria das espécies, são os machos que competem pelas fêmeas, mas entre os cavalos-marinhos isso se inverte, por razões óbvias. Esse fenômeno também acontece entre certas aves.
O aborto seletivo de filhotes indesejados, em especial se eles forem considerados de qualidade baixa, também já foi detectado em mamíferos. Entre os ratões-do-banhado, roedores semiaquáticos do Brasil, as fêmeas de baixa posição social tendem a abortar fetos do sexo masculino, porque esses machos também terão baixo status no bando e, por isso, suas chances de se reproduzir serão baixas, privando a fêmea de descendentes futuros.
A mesma lógica explica o fato de que fêmeas de chimpanzé com status dominante investem mais em seus bebês machos, desmamando-os vários anos depois do desmame de suas filhas. (RJL)


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