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Evolução leva pais e filhos a duelo frequente
DA REPORTAGEM LOCAL
A estranha situação dos
cavalos-marinhos não passa
de uma imagem invertida do
que se vê entre espécies mais
"normais", nas quais a fêmea
é que paga a maior parte dos
custos da reprodução. De um
jeito ou de outro, a evolução
sempre propicia inúmeras
oportunidades para conflitos
de interesse entre os pais
-ou entre os pais e a prole.
Em geral, um dos sexos faz
um investimento de tempo e
energia muito maior que o do
outro no futuro dos bebês,
seja produzindo óvulos
(muito mais "caros" para o
organismo do que espermatozoides), seja dando ao embrião semanas ou até meses
de proteção e muitos nutrientes durante a gravidez.
A contrapartida disso é o
"direito" de escolher os parceiros de qualidade mais elevada, que competem entre si
pelo acesso ao sexo que cuida
da prole. Na maioria das espécies, são os machos que
competem pelas fêmeas, mas
entre os cavalos-marinhos
isso se inverte, por razões óbvias. Esse fenômeno também
acontece entre certas aves.
O aborto seletivo de filhotes indesejados, em especial
se eles forem considerados
de qualidade baixa, também
já foi detectado em mamíferos. Entre os ratões-do-banhado, roedores semiaquáticos do Brasil, as fêmeas de
baixa posição social tendem
a abortar fetos do sexo masculino, porque esses machos
também terão baixo status
no bando e, por isso, suas
chances de se reproduzir serão baixas, privando a fêmea
de descendentes futuros.
A mesma lógica explica o
fato de que fêmeas de chimpanzé com status dominante
investem mais em seus bebês machos, desmamando-os vários anos depois do desmame de suas filhas.
(RJL)
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