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RIO +10
PIB global pode triplicar até 2050 se governos começarem a agir em Johannesburgo, diz relatório do Banco Mundial
Para Bird, desafio ambiental é "assustador"
MARCELO LEITE
EDITOR DE CIÊNCIA
Palavras do Banco Mundial
(Bird): são assustadores os desafios para a economia mundial nos
próximos 50 anos, se os governos
reunidos em Johannesburgo a
partir da próxima segunda-feira
decidirem seguir o rumo do desenvolvimento sustentável e combater de fato a pobreza. A recompensa, se tudo der certo, será um
PIB mundial de US$ 140 trilhões
-3,3 vezes o total atual.
Isso daria US$ 15.556 anuais para cada um dos 9 bilhões de habitantes que o planeta terá em 2050.
Uma renda per capita hoje impensável para a maioria dos países presentes, na África do Sul, à
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10).
Os obstáculos são muitos, diz o
Bird no "Relatório do Desenvolvimento Mundial 2003". Começam
com o fato de a renda dos 20 países mais ricos já ser 37 vezes
maior que a dos 20 mais pobres e
vão até 1,3 bilhão de pessoas condenadas a viver em terras impróprias (veja quadro à dir.).
O trabalho ressalta que o abismo entre nações ricas e pobres se
duplicou nos últimos 40 anos, a
poluição do ar cresceu, a água doce é cada vez mais escassa e a biodiversidade está desaparecendo,
com a destruição de florestas.
"A trilha do desenvolvimento
deixou um legado de problemas
ambientais e sociais que não pode
se repetir", disse o presidente do
Bird, James Wolfensohn.
"O mundo de US$ 140 trilhões,
daqui a cinco décadas, simplesmente não pode ser mantido com
os atuais padrões de produção e
consumo", disse num comunicado Nicholas Stern, economista-chefe do Bird. Referia-se, decerto,
ao fato de ser ecologicamente inviável -com a tecnologia atual-
estender a todos os habitantes da
Terra os altos padrões de consumo vigentes nos países ricos.
Faltariam terras, água e energia
para tanto. Já faltam, na realidade,
em muitas regiões pobres da Terra, mesmo com tais padrões de
consumo restritos a uma minoria.
Só para atingir a meta da ONU
de cortar pela metade a pobreza
no mundo até 2015, seria preciso
que a economia dos países pobres
crescesse a uma taxa média anual
de 3,6%, expansão que não apenas parece difícil na atual conjuntura mundial, como aumentaria a
pressão sobre o ambiente.
O Bird admite que, ao lado de
outras instituições, tem apoiado
algumas das políticas "equivocadas" que trouxeram dano ao ambiente e propõe que daqui para a frente essas políticas sejam ajustadas para contribuir para o desenvolvimento sustentável. O relatório faz um apelo específico para
que as nações mais ricas suspendam o gasto de US$ 1 bilhão por
dia com subsídios agrícolas.
Com agências internacionais
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