São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

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RIO +10

PIB global pode triplicar até 2050 se governos começarem a agir em Johannesburgo, diz relatório do Banco Mundial

Para Bird, desafio ambiental é "assustador"

MARCELO LEITE
EDITOR DE CIÊNCIA

Palavras do Banco Mundial (Bird): são assustadores os desafios para a economia mundial nos próximos 50 anos, se os governos reunidos em Johannesburgo a partir da próxima segunda-feira decidirem seguir o rumo do desenvolvimento sustentável e combater de fato a pobreza. A recompensa, se tudo der certo, será um PIB mundial de US$ 140 trilhões -3,3 vezes o total atual.
Isso daria US$ 15.556 anuais para cada um dos 9 bilhões de habitantes que o planeta terá em 2050. Uma renda per capita hoje impensável para a maioria dos países presentes, na África do Sul, à Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10).
Os obstáculos são muitos, diz o Bird no "Relatório do Desenvolvimento Mundial 2003". Começam com o fato de a renda dos 20 países mais ricos já ser 37 vezes maior que a dos 20 mais pobres e vão até 1,3 bilhão de pessoas condenadas a viver em terras impróprias (veja quadro à dir.).
O trabalho ressalta que o abismo entre nações ricas e pobres se duplicou nos últimos 40 anos, a poluição do ar cresceu, a água doce é cada vez mais escassa e a biodiversidade está desaparecendo, com a destruição de florestas.
"A trilha do desenvolvimento deixou um legado de problemas ambientais e sociais que não pode se repetir", disse o presidente do Bird, James Wolfensohn.
"O mundo de US$ 140 trilhões, daqui a cinco décadas, simplesmente não pode ser mantido com os atuais padrões de produção e consumo", disse num comunicado Nicholas Stern, economista-chefe do Bird. Referia-se, decerto, ao fato de ser ecologicamente inviável -com a tecnologia atual- estender a todos os habitantes da Terra os altos padrões de consumo vigentes nos países ricos.
Faltariam terras, água e energia para tanto. Já faltam, na realidade, em muitas regiões pobres da Terra, mesmo com tais padrões de consumo restritos a uma minoria.
Só para atingir a meta da ONU de cortar pela metade a pobreza no mundo até 2015, seria preciso que a economia dos países pobres crescesse a uma taxa média anual de 3,6%, expansão que não apenas parece difícil na atual conjuntura mundial, como aumentaria a pressão sobre o ambiente.
O Bird admite que, ao lado de outras instituições, tem apoiado algumas das políticas "equivocadas" que trouxeram dano ao ambiente e propõe que daqui para a frente essas políticas sejam ajustadas para contribuir para o desenvolvimento sustentável. O relatório faz um apelo específico para que as nações mais ricas suspendam o gasto de US$ 1 bilhão por dia com subsídios agrícolas.


Com agências internacionais

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