São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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Base sofreu poucas modificações

DA REPORTAGEM LOCAL

Não bastassem os problemas com o processo de revisão do projeto do foguete de sondagem VSB-30 que tem lançamento marcado para daqui a um mês, o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, também não sofreu melhorias significativas desde o acidente com o VLS-1.
Segundo um engenheiro do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) que esteve recentemente na base, nos preparativos para o lançamento, os problemas que afetavam a instalação antes da tragédia de agosto passado permanecem.
"Para não dizer que não melhoraram nada, o refeitório melhorou", ironizou o servidor do IAE.
Antes do incêndio, a base de Alcântara sofria problemas com fornecimento de eletricidade. Quedas de energia, inclusive em momentos críticos da operação com o VLS-1, eram comuns. O sistema de cabos que conectava a plataforma a outros pontos da instalação também tinha problemas e precisava de reparo e manutenção, segundo apurou a comissão que investigou o acidente.
A situação era tão grave que, dias antes do incêndio, técnicos e engenheiros chegavam a levar choques elétricos ao encostar no corpo do foguete. E foi uma corrente elétrica de origem desconhecida que acionou intempestivamente um dos motores do foguete, iniciando a tragédia.
Segundo quem esteve em Alcântara, nem os destroços da Torre Móvel de Integração -edifício usado para preparar o VLS para vôo- foram retirados do local.

Quarto protótipo
Apesar de todas as dificuldades, diversas autoridades têm reafirmado a meta de lançar o quarto protótipo do VLS-1 em 2006, conforme prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva dias depois do acidente. O plano foi reforçado pelo ministro da Defesa, José Viegas, quando da apresentação do relatório da comissão de investigação, em março, e por Sérgio Gaudenzi, que em julho assumiu a presidência da AEB (Agência Espacial Brasileira).
Em discurso recente aos funcionários do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), instituição-mãe do IAE, seu diretor, o major-brigadeiro Adenir Siqueira Viana, afirmou que 50% do quarto protótipo estava pronto.
Os envolvidos no dia-a-dia dos trabalhos consideram a meta de lançar o VLS em 2006 inatingível, caso decida-se por seguir todas as recomendações feitas após a investigação do acidente. (SN)


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