São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008 |
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Aquecimento pára LHC por dois meses Falha no superacelerador de partículas recém-inaugurado atrasa cronograma e recriação do Big Bang fica para 2009
Pesquisador brasileiro que trabalha na Suíça admite estar desapontado; dano é fácil de corrigir, mas religar a máquina é mais complicado
MARCELO NINIO DE GENEBRA O Big Bang vai ter que esperar. Com pouco mais de uma semana de funcionamento, a maior máquina do mundo teve que parar devido a um vazamento de gás. A falha levará o superacelerador de partículas LHC (Grande Colisor de Hádrons, na sigla em inglês), inaugurado no dia 10 com a promessa de desvendar a origem do Universo, a ficar dois meses fora de operação. Embora o problema tenha acontecido na sexta-feira, só anteontem ele foi tornado público pelo Cern, o centro de pesquisas nucleares que construiu o LHC. Com isso, as reais dimensões do acidente ficaram mais evidentes. Segundo a instituição européia, na sexta-feira, "uma grande quantidade" de gás hélio vazou num dos setores do túnel de 27 quilômetros que forma o superacelerador de partículas. O hélio, junto com hidrogênio líquido, é usado para resfriar o equipamento a sua temperatura operacional, que é próxima do zero absoluto, mais baixa que no espaço. Com a falha, 100 dos mais de 9 mil ímãs do LHC aqueceram e a operação teve que ser suspensa. A brigada antiincêndio foi acionada após o vazamento de uma tonelada de hélio na "caverna", como os cientistas chamam partes do LHC, embora o gás não seja inflamável. O Cern informou que será aberta investigação para apurar a origem da falha e que a máquina ficará pelo menos dois meses parada. "A falha poderia ser rapidamente reparada, o que leva tempo é o aquecimento e, depois, o novo resfriamento", explicou à Folha Mauro Rogério Cosentino, um dos cerca de 60 brasileiros que trabalham no Cern. Cosentino admitiu estar "desapontado" com o problema, que atrasa a recriação do Big Bang, principal objetivo do projeto. No LHC, um túnel circular de 27 quilômetros situado cem metros abaixo da fronteira entre França e Suíça, os cientistas da Cern pretendem recriar as condições da grande explosão que, acredita-se, deu origem ao Universo. Com a interrupção, a colisão frontal de partículas à velocidade da luz planejada para recriar as condições do Big Bang só deve começar a ocorrer na intensidade necessária no começo do próximo ano. Velho conhecido Segundo James Gillies, porta-voz do LHC, problemas semelhantes ao registrado na sexta-feira também ocorreram quando outros importantes aceleradores de partículas entraram em funcionamento. Tanto o Fermilab, nos arredores de Chicago, quanto o Laboratório Nacional Brookhaven (New York) tiveram problemas com seus equipamentos supercondutores, segundo Gillies. "Porém, depois de reparados, eles ficaram bastante estáveis", disse. No caso do LHC, os danos totais causados pela falha mecânica da sexta-feira ainda serão melhor avaliados hoje. Segundo o porta-voz do acelerador de partículas, especialistas ainda vão descer no túnel de 27 quilômetros para fazer novas inspeções. "Suspeito que talvez hoje nós teremos mais [informações]", disse Gillies. Não é apenas a recriação do Big Bang que vai esperar. Com a primeira falha importante na vida do LHC, o sonho dos cientistas de começarem a fazer colisões simples de prótons no máximo até outubro também está interrompido. Empolgados com os testes inicias feitos no acelerador de partículas ainda no dia da inauguração, alguns pesquisadores acreditavam até que os choques entre prótons já seriam observados ainda em setembro. Mas, agora, o LHC ficará em obras pelo menos até novembro. Com Associated Press Próximo Texto: Humanos não ficaram na Beríngia por 20 mil anos, diz estudo Índice |
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