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Lula colossal de 450 quilos emerge no mar antártico
Olhos do misterioso molusco têm as mesmas dimensões que pratos de comida
Espécime macho é o maior já
capturado desse gênero de
criatura marinha, medindo
12 metros; achado ajuda a
entender biologia do animal
Ministério da Pesca da Nova Zelândia
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Comandante do pesqueiro San Aspiring examina a lula colossal |
DA REDAÇÃO
Por esta nem os leitores de
"20 Mil Léguas Submarinas",
obra clássica de Júlio Verne, esperavam. Pescadores da Nova
Zelândia encontraram em
águas antárticas uma lula colossal de 12 metros de comprimento. Os olhos do molusco,
que pesou 450 quilos, têm o
diâmetro de pratos de comida.
Eles são considerados pelos
pesquisadores os maiores do
reino animal.
As lulas colossais são consideradas um dos grandes mistérios dos mares. E, por isso mesmo, fascinam os pesquisadores.
Elas são um pouco maiores
que as lulas gigantes (estas últimas chegam a 12 metros, enquanto as colossais, estima-se,
podem atingir 14 metros), mas
muito mais pesadas.
Até hoje, apenas meia dúzia
desses invertebrados haviam
sido pescados. Este último,
classificado ontem pelos cientistas como um "achado fenomenal", é o maior de todos. Um
anel de lula feito com ela teria o
tamanho de um pneu de trator.
Segundo Jim Anderton, ministro da Pesca da Nova Zelândia, que fez ontem o anúncio
oficial do novo exemplar, os
pescadores demoraram duas
horas para conseguir retirar a
lula colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni) da água.
No momento da captura ela
estava tentando comer uma
merluza-negra -peixe antártico que chega a 2 metros.
As lulas colossais podem nadar a quase 2 mil metros de
profundidade. Eles são extremamente agressivas e atacam
até cachalotes.
A lula colossal foi identificado pela primeira vez em 1925,
quando dois braços do bicho
foram encontrados no estômago de um cachalote. Em 1981,
uma traineira russa capturou
uma fêmea jovem, com redes
de pesca, também na Antártida. O exemplar tinha "apenas"
4 metros de comprimento.
Um outro espécime completo havia sido pego em 2003,
próximo da superfície.
Como apenas alguns adultos
foram identificados até hoje, os
cientistas sabem muito pouco
sobre o ciclo de vida, a dieta e
os padrões reprodutivos e comportamentais dessas lulas.
Se as estimativas iniciais estiverem corretas, a criatura de
450 quilos capturada agora, um
macho que vai ser depositado
na coleção científica do Museu
Nacional da Nova Zelândia, é
150 quilos mais pesada que a
fêmea que havia sido pescada
na Antártida pelos russos.
Para Steve O'Shea, especialista em lulas da Universidade
de Auckland, esse tipo de animal não é apenas um pouco
maior que as lulas gigantes.
"São ordens de grandeza totalmente diferentes", disse.
Enquanto as lulas gigantes
apresentam pequenos dentes
nas extremidades dos tentáculos, as lulas colossais têm ali
duas filas de placas duras. Essas estruturas, extremamente
letais, são também rotativas.
No total, o corpo desses
grandiosos moluscos têm oito
braços e dois tentáculos.
Como a nova descoberta,
além de os cientistas poderem
obter novas informações sobre
a biologia da espécie, a imaginação de Júlio Verne também
fica ainda mais real. O autor
chegou a imaginar um encontro real entre uma "lula com dimensões colossais" e um navio.
Uma das primeiras descrições científicas dessas lulas colossais foi feita em 1953 pelo
pesquisador americano Gilbert
Voss. Na obra "Caçando Monstros do Mar", ele descreve o
molusco como um dos "mais
horríveis dramas das profundezas dos oceanos".
Com agências internacionais
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