São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

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Lula colossal de 450 quilos emerge no mar antártico

Olhos do misterioso molusco têm as mesmas dimensões que pratos de comida

Espécime macho é o maior já capturado desse gênero de criatura marinha, medindo 12 metros; achado ajuda a entender biologia do animal

Ministério da Pesca da Nova Zelândia
Comandante do pesqueiro San Aspiring examina a lula colossal


DA REDAÇÃO

Por esta nem os leitores de "20 Mil Léguas Submarinas", obra clássica de Júlio Verne, esperavam. Pescadores da Nova Zelândia encontraram em águas antárticas uma lula colossal de 12 metros de comprimento. Os olhos do molusco, que pesou 450 quilos, têm o diâmetro de pratos de comida. Eles são considerados pelos pesquisadores os maiores do reino animal.
As lulas colossais são consideradas um dos grandes mistérios dos mares. E, por isso mesmo, fascinam os pesquisadores.
Elas são um pouco maiores que as lulas gigantes (estas últimas chegam a 12 metros, enquanto as colossais, estima-se, podem atingir 14 metros), mas muito mais pesadas.
Até hoje, apenas meia dúzia desses invertebrados haviam sido pescados. Este último, classificado ontem pelos cientistas como um "achado fenomenal", é o maior de todos. Um anel de lula feito com ela teria o tamanho de um pneu de trator.
Segundo Jim Anderton, ministro da Pesca da Nova Zelândia, que fez ontem o anúncio oficial do novo exemplar, os pescadores demoraram duas horas para conseguir retirar a lula colossal (Mesonychoteuthis hamiltoni) da água.
No momento da captura ela estava tentando comer uma merluza-negra -peixe antártico que chega a 2 metros.
As lulas colossais podem nadar a quase 2 mil metros de profundidade. Eles são extremamente agressivas e atacam até cachalotes.
A lula colossal foi identificado pela primeira vez em 1925, quando dois braços do bicho foram encontrados no estômago de um cachalote. Em 1981, uma traineira russa capturou uma fêmea jovem, com redes de pesca, também na Antártida. O exemplar tinha "apenas" 4 metros de comprimento.
Um outro espécime completo havia sido pego em 2003, próximo da superfície.
Como apenas alguns adultos foram identificados até hoje, os cientistas sabem muito pouco sobre o ciclo de vida, a dieta e os padrões reprodutivos e comportamentais dessas lulas.
Se as estimativas iniciais estiverem corretas, a criatura de 450 quilos capturada agora, um macho que vai ser depositado na coleção científica do Museu Nacional da Nova Zelândia, é 150 quilos mais pesada que a fêmea que havia sido pescada na Antártida pelos russos.
Para Steve O'Shea, especialista em lulas da Universidade de Auckland, esse tipo de animal não é apenas um pouco maior que as lulas gigantes. "São ordens de grandeza totalmente diferentes", disse.
Enquanto as lulas gigantes apresentam pequenos dentes nas extremidades dos tentáculos, as lulas colossais têm ali duas filas de placas duras. Essas estruturas, extremamente letais, são também rotativas.
No total, o corpo desses grandiosos moluscos têm oito braços e dois tentáculos.
Como a nova descoberta, além de os cientistas poderem obter novas informações sobre a biologia da espécie, a imaginação de Júlio Verne também fica ainda mais real. O autor chegou a imaginar um encontro real entre uma "lula com dimensões colossais" e um navio.
Uma das primeiras descrições científicas dessas lulas colossais foi feita em 1953 pelo pesquisador americano Gilbert Voss. Na obra "Caçando Monstros do Mar", ele descreve o molusco como um dos "mais horríveis dramas das profundezas dos oceanos".


Com agências internacionais

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