|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BIOLOGIA
Prática amplia a velocidade
Espermatozóides se unem para ir ao óvulo
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os espermatozóides de um minúsculo rato silvestre europeu
descobriram a fórmula para chegarem antes dos rivais ao destino
final, o óvulo da rata: eles nadam
abraçados até o alvo.
Os espermatozóides em bando
conseguem uma velocidade até
50% maior do que aqueles que
nadam desacompanhados, segundo um estudo feito por cientistas da Europa e da Austrália.
Os espermatozóides ficam ligados por uma espécie de gancho na
cabeça pela cauda. Os cientistas
relataram in vitro a formação desses "trens" fertilizadores.
A dúvida é saber se o "trem" é
eficaz na fertilização, pois apenas
um espermatozóide vai fazê-lo,
ao tocar no óvulo e iniciar uma
reação que libera enzimas que
permitem a entrada.
Depois de consumada a fertilização, os outros espermatozóides
também sofrem a reação, mas já
são incapazes de penetrar o óvulo.
"Pelo menos in vitro, os trens se
dispersam após 30 minutos. Nós
achamos que isso é o resultado de
algum espermatozóide passando
pela reação. Isso deixa alguns
com os acrossomos [região onde ficam as enzimas que permitem a
entrada] intactos", diz Harry Moore, da Universidade de Sheffield, Reino Unido, co-autor do estudo, publicado na revista "Nature" (www.nature.com).
Ou seja, apesar de não ser todo o
trem que penetra no óvulo, pelo
menos um "passageiro" (ou o primeiro da fila) pode ser capaz de
realizar a fertilização.
O ratinho em questão, da espécie Apodemus sylvaticus, tem em
torno de 21 gramas e seus testículos podem representar até mesmo
5% do seu peso. Essa proporção
enorme -o mesmo que um homem de 100 kg ter testículos de 5
kg-, é necessária pela altíssima
competição sexual na espécie.
As fêmeas frequentemente copulam com diversos machos, por
isso a competição para deixar
mais filhotes se estendeu também
para os espermatozóides. Com
frequência, células de diferentes
ratos competem no aparelho sexual feminino ao mesmo tempo.
Moore e seus colegas desenvolveram a hipótese de que a evolução do "trem" tenha surgido de uma conjunção de dois fatores: a competição entre machos e a forma da cabeça do espermatozóide.
"Outros cientistas sugeriram que haveria espermatozóides kamikazes, que matariam o rival. Há evidência disso em alguns animais invertebrados, mas pouca
evidência em mamíferos ainda."
O fenômeno poderia ser um caso de comportamento "altruísta", no qual alguns espermatozóides perderiam a chance de fertilização, mas ainda assim passariam
seus genes por seus "irmãos".
Texto Anterior: Comportamento: Cérebro feminino guarda melhor emoção Próximo Texto: Panorâmica - Demônio da Tasmânia Índice
|