São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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País quer participar do mercado de carbono

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil vai buscar outros parceiros, além da Alemanha, para negociar cotas de emissão de CO2 (gás carbônico), conforme prevê o Protocolo de Kyoto, disseram ontem os ministros do Desenvolvimento, Sergio Amaral, e das Relações Exteriores, Celso Lafer.
Segundo eles, além dos entendimentos para que a Alemanha subsidie a indústria privada para a volta dos carros a álcool no Brasil, o governo também iniciou conversas com o Reino Unido.
Os entendimentos com os britânicos, segundo Amaral, são preliminares. Portanto, o governo ainda não sabe com qual setor poderá ser feito o negócio.
Com os alemães ficou acertado que o governo brasileiro vai oferecer um subsídio de R$ 1.000 para a compra de cada um dos 100 mil carros a álcool, que emitem quantidade menor de gases-estufa, a serem produzidos. A Alemanha vai pagar a conta, no valor de R$ 100 milhões. "O entendimento está sendo feito com o governo alemão, mas a doação poderá vir do Estado alemão ou do setor privado", disse Amaral. Segundo ele, os detalhes do acordo ainda estão sendo negociados.
A vantagem para os alemães é que, como país desenvolvido signatário do acordo de Kyoto, a Alemanha tem de cumprir metas de diminuição de emissão de CO2, objetivo principal do Protocolo. Segundo o documento de 1997, os países industrializados precisam reduzir até 2012 em 5,2% (em média) sua quantidade de emissão de carbono, com relação aos níveis de 1990.
Assinando o acordo com o Brasil, essas cotas alemãs serão reduzidas, conforme explicou Celso Lafer, no Itamaraty.
Seria uma espécie de compensação: como a atmosfera não conhece fronteiras, em vez de reduzir só no próprio país, a Alemanha estará ajudando a reduzir as emissões num país em desenvolvimento -no caso, o Brasil. Isso contaria como se ela estivesse reduzindo as emissões em seu próprio território.
Como país em desenvolvimento, embora também seja signatário, o Brasil não possui metas de diminuição de emissão do gás. Pode, portanto, negociar com outros países e vender parte de seu "direito de poluir". O Brasil deixa de emitir gases-estufa e transmite seus créditos para outros países, que diminuem suas metas.
Para fechar esses acordos, o governo precisa primeiro reativar a produção de álcool combustível em grande escala. Para isso, está negociando com toda a cadeia produtiva para obter garantias de abastecimento.
(CLÁUDIA DIANNI)


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