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País quer participar do mercado de carbono
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil vai buscar outros parceiros, além da Alemanha, para negociar cotas de emissão de CO2 (gás carbônico), conforme prevê o Protocolo de Kyoto, disseram
ontem os ministros do Desenvolvimento, Sergio Amaral, e das Relações Exteriores, Celso Lafer.
Segundo eles, além dos entendimentos para que a Alemanha
subsidie a indústria privada para
a volta dos carros a álcool no Brasil, o governo também iniciou
conversas com o Reino Unido.
Os entendimentos com os britânicos, segundo Amaral, são preliminares. Portanto, o governo ainda não sabe com qual setor poderá ser feito o negócio.
Com os alemães ficou acertado
que o governo brasileiro vai oferecer um subsídio de R$ 1.000 para a
compra de cada um dos 100 mil
carros a álcool, que emitem quantidade menor de gases-estufa, a
serem produzidos. A Alemanha
vai pagar a conta, no valor de R$
100 milhões. "O entendimento está sendo feito com o governo alemão, mas a doação poderá vir do
Estado alemão ou do setor privado", disse Amaral. Segundo ele, os
detalhes do acordo ainda estão
sendo negociados.
A vantagem para os alemães é
que, como país desenvolvido signatário do acordo de Kyoto, a
Alemanha tem de cumprir metas
de diminuição de emissão de CO2,
objetivo principal do Protocolo.
Segundo o documento de 1997, os
países industrializados precisam
reduzir até 2012 em 5,2% (em média) sua quantidade de emissão
de carbono, com relação aos níveis de 1990.
Assinando o acordo com o Brasil, essas cotas alemãs serão reduzidas, conforme explicou Celso
Lafer, no Itamaraty.
Seria uma espécie de compensação: como a atmosfera não conhece fronteiras, em vez de reduzir só no próprio país, a Alemanha estará ajudando a reduzir as
emissões num país em desenvolvimento -no caso, o Brasil. Isso
contaria como se ela estivesse reduzindo as emissões em seu próprio território.
Como país em desenvolvimento, embora também seja signatário, o Brasil não possui metas de
diminuição de emissão do gás.
Pode, portanto, negociar com outros países e vender parte de seu
"direito de poluir". O Brasil deixa
de emitir gases-estufa e transmite
seus créditos para outros países,
que diminuem suas metas.
Para fechar esses acordos, o governo precisa primeiro reativar a
produção de álcool combustível
em grande escala. Para isso, está
negociando com toda a cadeia
produtiva para obter garantias de
abastecimento.
(CLÁUDIA DIANNI)
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