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Dois primeiros corpos chegaram a São Luís às 21h40; violência da explosão arremessou-os para fora da plataforma, diz legista
Número de mortos ainda pode aumentar
DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA
O coordenador de comunicação
da operação VLS-1, major Gustavo Krüger, disse ontem, no aeroporto de São Luís (MA), que o número de mortos na explosão do
terceiro protótipo do foguete brasileiro pode ser maior que os 16
oficialmente confirmados.
Às 21h40, foram desembarcados no aeroporto de São Luís os
restos de dois corpos atingidos
pela explosão do VLS-1, na base
de Alcântara. Segundo José Ribamar Cruz Ribeiro, diretor do Instituto de Criminalística do Maranhão, eles chegaram a ser lançados para fora da área da plataforma, com o impacto. A equipe do
instituto está ajudando no trabalho de identificação dos corpos.
Ainda de acordo com Cruz Ribeiro, as buscas de outros corpos
foram suspensas à noite em razão
da falta de segurança e da temperatura elevada no local da explosão. O diretor disse que podiam
ser ouvidos estalos na torre de
lançamento do VLS.
"Pode haver mais desaparecidos", disse o major Krüger. "Desaparecidos" também foi o termo
que ele usou para se referir aos 16
técnicos de nível médio e superior
cuja morte já foi anunciada. Segundo Krüger, os mortos não
eram do Maranhão. A maioria deles seria de São José dos Campos,
mas o major não precisou quantos nem revelou seus nomes.
O assessor da Secretaria de Segurança Pública José Raimundo
de Souza informou que o governo
do Maranhão emprestou ao Centro de Lançamento dois helicópteros e um avião monomotor para auxiliar no resgate dos corpos e
das vítimas em estado grave.
O Hospital Centro Médico, em
São Luís (MA), foi alertado pela
base de Alcântara, no final da tarde, para que ficasse de prontidão
para atender aos feridos. De acordo com a Secretaria de Segurança
Pública do Maranhão, civis e militares estão entre as vítimas.
O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), disse ter visto da varanda de sua casa em São
Luís o clarão da explosão. "Fui para a varanda mostrar ao governador do Amapá, Waldez Goés da
Silva, onde ficava a base de Alcântara. No exato momento em que
eu apontava na direção dela, vi
um cogumelo imenso e muito sólido. A fumaça era branca e havia
fogo saindo de um único ponto."
Krüger disse que ainda não era
possível determinar se o combustível sólido do foguete pegou fogo
ou não. "Nós nem iniciamos ainda o trabalho para detectar os motivos do acidente. Nossa primeira
preocupação é localizar os funcionários das equipes que trabalhavam no foguete na hora em que
ocorreu a explosão", afirmou.
Em São José dos Campos
Familiares de uma das vítimas
do acidente em Alcântara começaram a ser informados por oficiais do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), em São José dos Campos, por volta das 19h.
Uma mulher aparentada a um
dos desaparecidos na explosão, o
engenheiro do IAE (Instituto de
Aeronáutica Espacial órgão ligado ao CTA) Gines Ananias Garcia, disse que os dois oficiais informaram primeiro que a vítima
estava desaparecida e que poderia
estar entre os mortos.
A movimentação de familiares
era intensa em frente à casa de
Garcia, na Vila Adyanna, bairro
de alto padrão de São José dos
Campos, por volta das 21h. A expectativa era em relação a como e
quando o corpo seria transportado de São Luís para São José.
Em Alcântara, os moradores viveram ontem momentos de angústia depois da explosão do terceiro protótipo do VLS-1.
"Nas ruas, as pessoas se questionavam sobre o que poderia ter
acontecido de verdade. As informações chegavam de todos os lados, e nada era confirmado para a
população local", contou no início da noite de ontem, por telefone, da cidade maranhense, Carlos
Aparecido Fernandes, 39.
De acordo com o major Krüger,
havia 230 pessoas diretamente
envolvidas na operação. Ontem,
porém, parte da equipe estava de
folga na base. Segundo o major,
apenas funcionários da manutenção estavam trabalhando ontem
-e com uma equipe reduzida,
por causa do risco do serviço. Ele
disse também que não há risco
para a população do município de
Alcântara.
Em relação ao lançamento do
VLS-1, programado para acontecer entre amanhã e a segunda-feira, o acidente inviabilizou totalmente o projeto de colocar no ar o
foguete, que havia sido produzido
em São José dos Campos (SP).
"Não há condição alguma de a
programação do lançamento ser
mantida. O VLS foi totalmente
destruído", justificou Krüger. Até
o final da noite de ontem, o Ministério da Defesa e o Comando da
Aeronáutica não haviam se manifestado sobre a possibilidade de
ter ocorrido uma sabotagem.
"Tudo o que dissermos agora
será mera especulação. É justamente isso que queremos evitar.
Só vamos falar alguma coisa
quando tivermos a certeza do que
realmente aconteceu", informou
a assessoria de comunicação da
base de lançamento maranhense.
(ELIANE MENDONÇA, FÁTIMA LESSA E EDUARDO SCOLESE)
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