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Número de genes tem nova revisão
DO ENVIADO A ÁGUAS DE LINDÓIA
Quando as revistas científicas
"Nature" e "Science" publicaram
o rascunho do genoma humano,
no ano passado, muitos se espantaram com o baixo número de genes estimados para o Homo sapiens: algo em torno de 30 mil,
menos até que no genoma do arroz. Um grupo de pesquisadores
americanos, contudo, aposta nos
dados experimentais para virar o
jogo e prevê nada menos que 70
mil genes no DNA humano.
"Devemos publicar um artigo
até o ano que vem mostrando que
o número de genes é muito
maior", afirmou Saurabh Saha,
da Universidade Johns Hopkins,
Estados Unidos, durante o 48º
Congresso Nacional de Genética.
Para o pesquisador, as estimativas do consórcio público Projeto
Genoma Humano e da empresa
Celera minimizaram o impacto
das diferentes formas de expressão gênica, ou seja, a maneira como os genes funcionam em cada
tipo de tecido humano.
"Não é que eles não tenham levado isso em conta, mas o tipo de
tecido que você usa cria um viés
muito grande na diversidade de
genes que estão realmente ativos", afirmou à Folha o cientista.
"Os autores do rascunho do genoma começaram com um número de genes já conhecidos e,
com base neles, usaram o computador para estimar quantos genes
faltavam", explica Emmanuel
Dias Neto, da USP. "O problema é
que existem muitas variações no
genoma real que não se encaixam
nos critérios que eles usaram."
Para corrigir essa deficiência,
Saha e seus colegas da Johns Hopkins estão desenvolvendo mecanismos para usar o transcriptoma
(o conjunto dos genes efetivamente ativos) para descobrir novos genes. "Estamos usando RNA
mensageiro (molécula na qual os
genes ativos são transcritos) de tecido fetal, por exemplo, que deve
expressar cerca de 60% de todos
os genes humanos", conta.
O grupo de Saha, que é coordenado por Victor Velculescu, criou
uma nova forma de Sage (análise
serial de expressão gênica, na sigla
em inglês) que consegue atribuir
com mais segurança o trecho de
RNA mensageiro aos genes correspondentes. A Sage já é usada
para esse propósito, mas ela funciona criando "etiquetas" com
apenas 14 bases ou "letras" químicas de DNA -o que pode gerar
ambiguidades e atribuir uma sequência a mais de um gene.
Usando uma nova enzima para
criar etiquetas maiores, com 21
"letras", Saha e seus colegas desenvolveram o chamado "long
Sage", que tem um grau de certeza
superior a 90% na identificação
de genes, segundo ele. A técnica já
permitiu a descoberta de centenas
de novos genes e, para o pesquisador, deve ajudar a definir de vez
quantos deles existem de fato no
DNA humano.
(RJL)
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