São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2004

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CONSERVAÇÃO

Espécies marinhas correm risco; uma já perdeu 97% da população

Simpósio faz apelo por tartarugas

MARCELO LEITE
ENVIADO ESPECIAL A SAN JOSÉ (COSTA RICA)

O 24º Simpósio da Sociedade Internacional de Tartarugas Marinhas começou ontem em San José, Costa Rica, com um apelo pela preservação da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) do Pacífico, cuja população sofreu redução de 97% nos últimos 20 anos nos litorais das Américas, sobretudo como resultado do uso de redes na pesca industrial.
Seis de sete espécies reconhecidas internacionalmente de tartarugas marinhas se encontram ameaçadas ou criticamente ameaçadas de extinção, segundo a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
Uma das medidas anunciadas na abertura do simpósio foi a criação de uma espécie de parque internacional marinho entre a ilha de Cocos (Costa Rica) e a de Galápagos (Equador).
O nome oficial da reserva é Corredor Marinho Pacífico Oriental Tropical. Terá 211 milhões de hectares e investimentos iniciais de US$ 3,1 milhões.
O simpósio foi planejado pela organização não-governamental CI (Conservation International, mais conhecida pela pronúncia em inglês de sua sigla, "ci-ai"), muito ativa no levantamento de fundos e convencimento de governos quanto à necessidade de criar parques e áreas de reserva para a vida selvagem.
A Costa Rica foi escolhida como sede do simpósio porque é considerada pioneira no estudo da história natural das tartarugas marinhas, iniciado por Archie Carr nos anos 1950. Ontem, o ministro do Ambiente e da Energia da Costa Rica, Carlos Manuel Rodríguez, anunciou que o país estabeleceu a meta de criar áreas de proteção em 25% das águas em sua zona exclusiva de exploração, a exemplo do que acontece na mesma porção do seu território. Mas disse que a meta levará anos para ser alcançada, porque isso representa de 10 milhões a 15 milhões de hectares (dez vezes mais que a área terrestre protegida).
Peter Seligmann, presidente da CI, disse que esse é o maior desafio do movimento ambientalista: estender para os mares os sucessos que vêm sendo obtidos na conservação de ecossistemas terrestres. Citou como preocupante o fato de que 60% dos oceanos do mundo sejam uma espécie de mares de ninguém, dado que só 40% de sua superfície se encontra nas zonas exclusivas de exploração.


O jornalista Marcelo Leite viajou à Costa Rica a convite da Conservation International


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