|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GEOLOGIA
Tragédia do gênero já teria ocorrido no Jurássico
Explosão vulcânica pode causar megaefeito estufa, diz pesquisa
MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma grande erupção vulcânica
tem o potencial de jogar tanto gás
carbônico na atmosfera que levaria à extinção grande parte das espécies da Terra. Isso é o que sugere o estudo da equipe de Hans
Keppler, da Universidade de Tübingen, na Alemanha.
Segundo Keppler, as grandes
quantidades de carbono que existem no manto superior terrestre
(camada abaixo da crosta, de 35 a
440 km de profundidade) devem
estar concentradas na forma de
carbonatos, e não dissolvidas nas
rochas do manto, como se acreditava anteriormente.
A descoberta é alarmante, pois
os carbonatos se decompõem facilmente, liberando gás carbônico. Como sugere Keppler, se uma
área rica em carbonato do manto
terrestre entrar em contato com
magma e uma posterior erupção
acontecer, grandes quantidades
de gás carbônico poderão ser lançadas de uma vez na atmosfera.
"Um aumento súbito na quantidade global de gás carbônico resultaria em um efeito estufa de grandes proporções. Isso levaria a
um aumento repentino da temperatura, o que afetaria a maioria
dos ecossistemas e poderia levar à
extinção em massa", disse à Folha
Keppler, 41. Um evento assim, sugere o autor, já aconteceu no início do Período Jurássico (há cerca
de 200 milhões de anos).
No manto terrestre, o carbono
está em maior quantidade que na
atmosfera e na biosfera, sugerem
análises de rocha proveniente de
erupções. Até agora, no entanto,
não se sabia ao certo a forma na
qual ele se encontra. A hipótese
mais aceita, antes do estudo da
equipe de Keppler, era a de que ele
estivesse dissolvido em minerais
com base em silício, como a olivina (mistura de silicatos de magnésio e ferro), principal componente do manto superior.
Como a olivina não se dissolve
bem no magma, nesse caso não
haveria risco de injeção de carbono subterrâneo na atmosfera. Infelizmente, a equipe de Keppler
provou que a olivina não é a "casa" do carbono no manto.
Solubilidade
Para tirar a prova sobre a forma
na qual o carbono está, a equipe
de Keppler resolveu medir sua solubilidade em sólidos como a olivina, reproduzindo as condições
de pressão e temperatura do
manto superior.
A solubilidade medida pela
equipe de Keppler foi muito pequena, cerca de um centésimo do
necessário para que todo o carbono lá disponível estivesse dissolvido no minério.
O grupo de Keppler testou, então, a solubilidade do carbono em
outras formas de mineral presentes no manto e chegou à seguinte
conclusão: o carbono deve estar
em reservatórios próprios, separados do resto das rochas do
manto, na forma de carbonatos.
Se o magma de erupções vulcânicas de larga escala entrar nesses
reservatórios ricos em carbono,
gás carbônico pode ser formado e
depois empurrado até a atmosfera. Em grandes quantidades, o gás
causaria um efeito estufa de enormes proporções.
O estudo foi publicado na edição de hoje da revista "Nature"
(www.nature.com).
Texto Anterior: Embriologia: Células criam peixes com duas caudas Próximo Texto: Panorâmica - Medicina: Perda de receptor causa osteoporose Índice
|