São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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Incêndio em mata experimental prejudica pesquisadores da USP

Últimos remanescentes de espécies de árvores podem ter sumido

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

Uma área de 27 hectares do maior banco genético de floresta mesófila semidecidual do país, a mata atlântica do interior, foi destruída por um incêndio na semana passada. Ao menos 15 pesquisas da USP foram prejudicadas.
O incêndio, ocorrido em Ribeirão Preto, acabou com 60% do banco genético, que tem um total de 3.375 árvores.
Suspeita-se que algumas das atingidas eram os últimos exemplares de sua espécie, já que elas são raras na região.
"Era uma coleção de espécies nativas coletadas em mais de 400 remanescentes de mata", diz Elenice Mouro Varanda, coordenadora do Ceeflor (Centro de Estudos e Extensão Florestal) da USP em Ribeirão Preto.
"A perda é inestimável", avalia Paulo Kageyama, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq/USP.
Segundo ele, as espécies foram recolhidas em áreas que hoje não têm mais mata, devido ao avanço da agricultura.
Ao longo de 13 anos, foram coletadas 45 espécies de árvores, entre elas ipês, jequitibás, jacarandás, jenipapos e jatobás, cada uma delas com 75 exemplares.
Ao contrário de outros bancos de floresta, as espécies plantadas na USP seguiam um modelo matemático para que as árvores de uma mesma espécie ficassem a 30 metros de distância uma da outra, para evitar a polinização cruzada e manter a variabilidade genética.
As sementes e mudas produzidas ali eram enviadas a áreas de reflorestamento.
"Quando a gente entende a evolução do ecossistema recém plantado podemos agir para acelerar outros processos de restauração florestal", diz José Ricardo Barosela, doutorando da USP.
A pesquisa de Barosela e outras 14 que estavam em andamento terão de ser refeitas ou concluídas sem os dados vindos do banco genético.
Segundo Varanda, será preciso esperar as chuvas e a recuperação natural das árvores para saber quais foram totalmente queimadas pelo fogo e quais vão rebrotar. "Só depois vamos contabilizar os danos causados."
As espécies replantadas levarão ao menos dez anos para atingir a maturidade.
Além da perda no banco genético, mais 6 hectares reflorestados foram atingidos.


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