São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002 |
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BIOMEDICINA Estado aprova uma lei que contraria política da administração Bush ao permitir estudos com células-tronco Califórnia libera pesquisa com embriões
DA ASSOCIATED PRESS O governador do Estado americano da Califórnia, Gray Davis, assinou anteontem uma lei que permite explicitamente a pesquisa com células-tronco de origem fetal e embrionária, desafiando a política do governo dos Estados Unidos sobre o assunto. A medida pretende encorajar esse tipo de pesquisa, que foi limitada por George W. Bush no ano passado. Funcionários do governo californiano disseram que o Estado, o mais populoso dos EUA, é o primeiro no país a tomar esse tipo de decisão. Durante o anúncio da lei, Davis estava acompanhado pelo ator Christopher Reeve (famoso por ter interpretado o Super-Homem no cinema). Reeve se tornou um defensor da pesquisa com células-tronco depois que um acidente o deixou tetraplégico. As células-tronco embrionárias têm a capacidade de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo, o que lhes dá imenso potencial para combater doenças degenerativas, como o mal de Alzheimer. Contudo, seu uso requer a destruição dos embriões, motivo pelo qual muitos pretendem proibir esse tipo de pesquisa. No ano passado, Bush restringiu o financiamento federal à pesquisa com células-tronco embrionárias humanas a um pequeno grupo de linhagens celulares já existentes. Críticos da medida dizem que muitas dessas células-tronco estão em más condições e são de pouca valia para pesquisas. A lei californiana não tem efeito sobre as restrições federais. De acordo com elas, os cientistas já poderiam conduzir esse tipo de pesquisa, desde que o fizessem sem dinheiro federal. Mas o governo da Califórnia disse que a nova lei permitiria que as universidades do Estado "colocassem um sinal de boas-vindas" para os pesquisadores que trabalham com células-tronco. O Estado também providenciará apoio financeiro para essas pesquisas. A nova legislação permite a destruição e doação de embriões, disse sua autora, a democrata Deborah Ortiz, do Senado da Califórnia. Na maioria dos Estados dos EUA, o debate sobre os estudos tem se pautado pela restrição. "Esta lei oferece uma possibilidade a 100 milhões de americanos que estão lutando contra doenças debilitantes", disse Ortiz. A lei obriga clínicas de fertilização in vitro a informar suas clientes sobre a possibilidade de doar embriões descartados para pesquisa. O dispositivo proíbe a venda de embriões. Reeve perdeu o movimento dos membros numa queda de cavalo sete anos atrás. "É doloroso contemplar quais avanços teriam sido feitos se a pesquisa nessa área não sofresse oposição", afirmou o ator norte-americano. Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca, disse que a Califórnia tinha o direito de aprovar a lei, mas acrescentou: "O presidente acha que as políticas federal e estadual precisam promover uma cultura de respeito à vida, e nisso ele realmente discorda do que a Califórnia e seu governador fizeram". Próximo Texto: Evolução: Estudo aumenta distância entre os genes de homem e chimpanzé Índice |
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