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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Projeto altera motor convencional para substituir diesel na obtenção de eletricidade
Óleo de palma vira energia na Amazônia
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um motor a diesel modificado
para funcionar alimentado por
óleo vegetal promete ser uma alternativa mais saudável, do ponto
de vista ambiental, e viável, do
ponto de vista econômico, para
levar eletricidade a comunidades
afastadas da região amazônica. É
o que prometem pesquisadores
do Cenbio (Centro Nacional de
Referência em Biomassa) da USP.
O equipamento foi adaptado
para operar queimando óleo de
palma, um produto que em tese é
mais caro do que o combustível
tradicional, mas oferece disponibilidade muito maior na floresta e
acaba saindo mais em conta do
que transportar litros e litros de
diesel até as áreas mais isoladas.
O protótipo do motor está em
fase final de teste e deve ser levado
no início do mês que vem para a
Vila Soledade, uma pequena comunidade de cem famílias no
município de Moju, a 120 km de
Belém, no Pará. Lá o sistema deve
operar pelo menos até o fim do
ano, experimentalmente.
Se a proposta mostrar resultados positivos, a idéia é levar o
mesmo modelo de produção de
energia a outras vilas isoladas da
Amazônia. "Nós queremos que
essas comunidades tenham acesso aos benefícios que a eletricidade traz", diz Orlando Cristiano,
pesquisador "quase brasileiro" do
Cenbio e coordenador do projeto
-nascido em Guiné-Bissau, ele
já está há cerca de 20 anos no país.
O projeto, custeado pela Finep
(Financiadora de Estudos e Projetos) com verba do Fundo Setorial
de Energia Elétrica, não parte de
uma premissa revolucionária. Em
comunidades isoladas, o cabeamento para levar eletricidade é
uma opção inviável. Resta apenas
a produção local de energia, com
o uso de motores tradicionais.
Isso é o que em geral já acontece, mas com motores a diesel. Esses equipamentos consagrados
apresentam dois inconvenientes:
além de exigirem o transporte do
diesel até o local do uso, em quantidades significativas, também fazem uso de um combustível não-renovável, derivado de petróleo.
O modelo não dispensa totalmente o diesel, mas radicaliza na
economia do combustível. "Numa operação de seis horas, com o
motor convencional, você gastaria uns 120 litros de óleo diesel.
Com as modificações, você só
precisa de 10 litros", diz.
O diesel ainda é necessário na
hora de ligar o motor, para aquecê-lo até o ponto em que pode
queimar o óleo de palma com eficiência. No desligamento, ele
também é útil para promover a
limpeza dos sistemas internos.
Embora o recurso do óleo de
palma seja adequado ao ambiente
amazônico, não basta plantar para obter o combustível -é preciso beneficiá-lo numa região próxima. O projeto inclui uma parceria com a Agropalma, companhia
do Pará que já se comprometeu a
fornecer 40 mil litros de óleo de
palma para alimentar o motor até
o final do ano. Depois disso, a empresa pretende comprar a produção de pequenas plantações locais
e processá-la.
Até agora, o projeto consumiu
R$ 449 mil. "Claro, isso inclui os
estudos. Se formos implantar depois em outra comunidade, o custo vai ser menor", diz Cristiano.
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