São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2010

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MEMÓRIA

Morre Frota-Pessoa, pioneiro da genética humana no Brasil

Reprodução
Oswaldo Frota-Pessoa

RICARDO MIOTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Morreu ontem em São Paulo Oswaldo Frota-Pessoa, um dos maiores biólogos brasileiros do século 20. Pioneiro da genética humana, formou uma geração de pesquisadores e influenciou como poucos sua área de pesquisa. Ele completaria 93 anos na próxima terça-feira.
Quando Frota começou, "não se sabia nem o número de cromossomos da espécie humana", diz Francisco Salzano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Seu primeiro interesse foi pela genética de drosófilas, tema de seu doutorado em 1953. Naquele ano, mudou-se para os EUA, onde ficou até 1955 na Universidade Columbia, em Nova York.
De volta ao Brasil, interessou-se pela hereditariedade humana, ao saber de uma cidade em Goiás com alta incidência de surdos-mudos.
Em 1958, o cientista carioca ingressou na USP. Ali criou o primeiro serviço de aconselhamento genético do país. "Ele ajudou a implementar testes para saber se a pessoa tinha uma doença genética. Atendemos milhares de famílias", lembra Mayana Zatz, que foi orientada por ele na sua pós-graduação e já disse que Frota era "o maior cientista brasileiro".
Frota-Pessoa também fomentou uma revolução no ensino de biologia no Brasil, enfatizando a experimentação pelo aluno. "Um livro dele chamado "Biologia na Escola Secundária" foi um marco no ensino de biologia no Brasil", disse João Morgante, também biólogo da USP.
Por sua atuação na área de divulgação científica, ganhou o Prêmio Kalinga, da Unesco, em 1982.
"Era o homem de maior estatura pessoal e científica que já conheci", diz Walter Neves, antropólogo da USP.
Frota-Pessoa morreu de complicações de uma pneumonia. Ele deixa três filhos.


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