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MEDICINA
Remédio reduziu em 25% o risco de câncer de próstata em participantes de um estudo clínico realizado nos EUA
Droga contra calvície pode prevenir tumor
DA REUTERS
Uma versão de um remédio popular contra a calvície também
funciona contra o câncer de próstata, um dos tipos de tumor mais
letais entre homens, afirmam pesquisadores dos EUA. A droga,
chamada finasterida, reduziu em
25% o risco de câncer de próstata
entre homens que participavam
de um teste clínico.
Seus efeitos colaterais, no entanto, podem ser tão devastadores que os médicos iniciaram um
debate sobre quem deverá usá-la:
além de redução no desempenho
sexual, o medicamento pode estimular tumores agressivos em alguns pacientes.
"Esses resultados são muito importantes. É a primeira intervenção capaz de reduzir o risco de
câncer de próstata", afirmou numa entrevista coletiva Ian
Thompson, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do
Texas, nos EUA.
A droga usada no estudo é fabricada pela Merck e vendida sob o
nome comercial de Proscar. Ela
foi desenvolvida para interromper o crescimento benigno da
próstata que ocorre normalmente
durante o envelhecimento.
Uma versão do Proscar que
contém uma dose mais baixa de
finasterida, chamada Propecia,
virou um sucesso comercial contra a calvície quando se descobriu
que um de seus efeitos era impedir a queda de cabelo.
O câncer de próstata é uma das
causas mais comuns de tumor em
homens. No Brasil, estima-se que
afete 20 mil pessoas todo ano, matando cerca de 7.000. Nos EUA, o
número de casos é de 220 mil,
com quase 30 mil mortes, o que o
torna o segundo tipo mais letal de
tumor -ficando atrás apenas do
câncer de pulmão.
No estudo, publicado na última
edição da revista médica "The
New England Journal of Medicine" (www.nejm.com), Thompson e seus colegas do Instituto Nacional do Câncer dizem que deram finasterida ou placebo (uma
substância inócua) para 18 mil
homens durante sete anos.
O estudo deveria durar até 2004,
mas foi interrompido mais cedo
devido aos resultados positivos.
No entanto, o número de pacientes que desenvolveram câncer
tendo tomado o placebo
-24%- foi seis vezes maior que
o esperado.
O Proscar funciona reduzindo
os efeitos da testosterona, o hormônio masculino. Há outras drogas no mercado que ajudsam a reduzir os efeitos do crescimento
anormal da próstata, mas os pesquisadores acham que elas não
afetariam as taxas de tumor.
A finasterida tem vários efeitos
colaterais, como diminuição do
desejo sexual e no volume de esperma ejaculado. Também se
descobriu que 6,4% dos voluntários do teste que tiveram câncer
desenvolveram uma forma mais
agressiva de tumor.
"Parece que o Proscar preveniu
cânceres pequenos e insignificantes, mas não fez nada a respeito
dos cânceres de alto grau, talvez
até os tenha tornado mais comuns", disse Peter Scardino, do
Centro de Câncer Memorial
Sloan-Kettering, que escreveu um
editorial sobre a descoberta.
A Merck, fabricante do Proscar,
se recusou a dizer se planejava pedir autorização do governo americano para comercializar o medicamento contra o câncer.
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