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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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MEDICINA

Remédio reduziu em 25% o risco de câncer de próstata em participantes de um estudo clínico realizado nos EUA

Droga contra calvície pode prevenir tumor

DA REUTERS

Uma versão de um remédio popular contra a calvície também funciona contra o câncer de próstata, um dos tipos de tumor mais letais entre homens, afirmam pesquisadores dos EUA. A droga, chamada finasterida, reduziu em 25% o risco de câncer de próstata entre homens que participavam de um teste clínico.
Seus efeitos colaterais, no entanto, podem ser tão devastadores que os médicos iniciaram um debate sobre quem deverá usá-la: além de redução no desempenho sexual, o medicamento pode estimular tumores agressivos em alguns pacientes.
"Esses resultados são muito importantes. É a primeira intervenção capaz de reduzir o risco de câncer de próstata", afirmou numa entrevista coletiva Ian Thompson, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, nos EUA.
A droga usada no estudo é fabricada pela Merck e vendida sob o nome comercial de Proscar. Ela foi desenvolvida para interromper o crescimento benigno da próstata que ocorre normalmente durante o envelhecimento.
Uma versão do Proscar que contém uma dose mais baixa de finasterida, chamada Propecia, virou um sucesso comercial contra a calvície quando se descobriu que um de seus efeitos era impedir a queda de cabelo.
O câncer de próstata é uma das causas mais comuns de tumor em homens. No Brasil, estima-se que afete 20 mil pessoas todo ano, matando cerca de 7.000. Nos EUA, o número de casos é de 220 mil, com quase 30 mil mortes, o que o torna o segundo tipo mais letal de tumor -ficando atrás apenas do câncer de pulmão.
No estudo, publicado na última edição da revista médica "The New England Journal of Medicine" (www.nejm.com), Thompson e seus colegas do Instituto Nacional do Câncer dizem que deram finasterida ou placebo (uma substância inócua) para 18 mil homens durante sete anos.
O estudo deveria durar até 2004, mas foi interrompido mais cedo devido aos resultados positivos. No entanto, o número de pacientes que desenvolveram câncer tendo tomado o placebo -24%- foi seis vezes maior que o esperado.
O Proscar funciona reduzindo os efeitos da testosterona, o hormônio masculino. Há outras drogas no mercado que ajudsam a reduzir os efeitos do crescimento anormal da próstata, mas os pesquisadores acham que elas não afetariam as taxas de tumor.
A finasterida tem vários efeitos colaterais, como diminuição do desejo sexual e no volume de esperma ejaculado. Também se descobriu que 6,4% dos voluntários do teste que tiveram câncer desenvolveram uma forma mais agressiva de tumor.
"Parece que o Proscar preveniu cânceres pequenos e insignificantes, mas não fez nada a respeito dos cânceres de alto grau, talvez até os tenha tornado mais comuns", disse Peter Scardino, do Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering, que escreveu um editorial sobre a descoberta.
A Merck, fabricante do Proscar, se recusou a dizer se planejava pedir autorização do governo americano para comercializar o medicamento contra o câncer.


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