São Paulo, sábado, 25 de julho de 2009

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Nova metodologia permitirá atualização anual, diz cientista

DA REDAÇÃO

Uma possível boa notícia sobre o novo inventário de emissões do Brasil talvez seja que o atraso é o preço da qualidade.
Segundo Thelma Krug, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a demora do inventário se deve, entre outras coisas, ao fato de que o país resolveu adotar a mesma metodologia recomendada pelo IPCC (o painel do clima das Nações Unidas, do qual ela é uma das vice-presidentes) para os países industrializados.
O primeiro inventário nacional usava uma série de aproximações e suposições para dados que não existiam. Ninguém sabe ainda, por exemplo, qual é a taxa de emissão anual do cerrado, bioma que, acredita-se, emita o equivalente a metade do que emite a Amazônia.
O novo, diz Krug, já sai na frente porque partirá dos mapas de uso do solo elaborados pelo programa Probio, do Ministério do Meio Ambiente.
Isso permitirá dividir o país em milhares de células, cada uma com várias "camadas" de informação: o teor de carbono do solo, a vegetação original e o uso da terra. Este, por sua vez, será subdividido em seis categorias: floresta, agricultura, campo (inclui cerrado), área urbana, área alagada e outros.
Cada célula será inserida numa "matriz de conversão", que mostra cada categoria de uso da terra em 1994 e como ela variou em 2002. "Mesmo que uma célula seja fragmentada ao longo dos anos eu vou poder contar a história dela", diz Krug.
Depois de pronta a matriz, o Brasil poderá gerar inventários anuais de emissão, se quiser. "Outros países em desenvolvimento vão levar dez anos para implementar essa matriz", afirma a pesquisadora.

Sem desespero
De resto, afirma Krug, não deve haver "desespero de gerar inventários amiúde quando os problemas e as soluções não mudam tão amiúde".
O uso da terra, em 1994, em 2002 e em 2008, continua sendo responsável por cerca de 70% das emissões do Brasil. "A proporção pode variar, mas é pouco", diz. "Dizer que eu preciso de um inventário para tomar providências é desculpa. Ninguém precisa de inventário para saber que tem de reduzir o desmatamento." (CA)


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