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Nova metodologia permitirá atualização anual, diz cientista
DA REDAÇÃO
Uma possível boa notícia sobre o novo inventário de emissões do Brasil talvez seja que o
atraso é o preço da qualidade.
Segundo Thelma Krug, do
Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais), a demora
do inventário se deve, entre outras coisas, ao fato de que o país
resolveu adotar a mesma metodologia recomendada pelo
IPCC (o painel do clima das Nações Unidas, do qual ela é uma
das vice-presidentes) para os
países industrializados.
O primeiro inventário nacional usava uma série de aproximações e suposições para dados que não existiam. Ninguém
sabe ainda, por exemplo, qual é
a taxa de emissão anual do cerrado, bioma que, acredita-se,
emita o equivalente a metade
do que emite a Amazônia.
O novo, diz Krug, já sai na
frente porque partirá dos mapas de uso do solo elaborados
pelo programa Probio, do Ministério do Meio Ambiente.
Isso permitirá dividir o país
em milhares de células, cada
uma com várias "camadas" de
informação: o teor de carbono
do solo, a vegetação original e o
uso da terra. Este, por sua vez,
será subdividido em seis categorias: floresta, agricultura,
campo (inclui cerrado), área
urbana, área alagada e outros.
Cada célula será inserida numa "matriz de conversão", que
mostra cada categoria de uso da
terra em 1994 e como ela variou
em 2002. "Mesmo que uma célula seja fragmentada ao longo
dos anos eu vou poder contar a
história dela", diz Krug.
Depois de pronta a matriz, o
Brasil poderá gerar inventários
anuais de emissão, se quiser.
"Outros países em desenvolvimento vão levar dez anos para
implementar essa matriz", afirma a pesquisadora.
Sem desespero
De resto, afirma Krug, não
deve haver "desespero de gerar
inventários amiúde quando os
problemas e as soluções não
mudam tão amiúde".
O uso da terra, em 1994, em
2002 e em 2008, continua sendo responsável por cerca de
70% das emissões do Brasil. "A
proporção pode variar, mas é
pouco", diz. "Dizer que eu preciso de um inventário para tomar providências é desculpa.
Ninguém precisa de inventário
para saber que tem de reduzir o
desmatamento."
(CA)
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