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ECOLOGIA
Tributários do Amazonas influenciam diversidade
Estudo identifica 43 espécies de peixe-elétrico na bacia amazônica
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os afluentes do Amazonas fornecem mais do que água. Um estudo na revista "Science" de anteontem mostra como os tributários influenciam a diversidade e a
quantidade de peixes-elétricos no
maior rio do mundo.
O estudo se baseia em amostras
coletadas ao longo de 2.000 quilômetros do Amazonas, entre os
rios Içá (chamado Putumayo no
Equador) e Tocantins.
No total, foram 13 confluências
analisados, 43 espécies identificadas e um padrão descoberto: sempre que um tributário deságua no
rio Amazonas, aumenta o número de peixes e espécies. Entre um
rio e outro, tal número cai.
"A diversidade e a quantidade
de peixes não são constantes em
todo o rio: elas sobem e descem
como ondas", disse à Folha a
principal autora do trabalho, a
brasileira Cristina Cox Fernandes,
da Universidade de Massachusetts e do Inpa (Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia).
As razões para a distribuição inconstante ainda não foram totalmente esclarecidas, porém Fernandes acredita que fatores físicos
e orgânicos estejam envolvidos.
"É apenas uma suposição, mas a
desembocadura pode conter mais
matéria orgânica, o que significa
mais alimento para o peixe."
Fernandes também aferiu que
os rios tributários possuem uma
abundância de espécies que supera a observada no Amazonas. A
constatação sugere um movimento dos peixes apenas nos afluentes, em migrações laterais.
O estudo é parte do projeto Calhamazon, que estuda os peixes
do fundo dos rios amazônicos.
Entre 1992 e 1997, a brasileira coletou 16 mil peixes com redes.
Sabe-se que a distribuição das
plantas e dos animais terrestres
na Amazônia é regida pelos rios.
Há endemismo provocado pela
geografia dos rios e distribuição
heterogênea de espécies pela várzea. Mas as espécies que formam
os ecossistemas aquáticos foram
pouco analisados até hoje.
(CAm)
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