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Competição estimula os paleontólogos
DA REPORTAGEM LOCAL
Diante do crescimento exponencial da descrição de
novos dinossauros genuinamente tupiniquins na última
década, é inevitável perguntar quais são as razões dessa
explosão e se há, de fato, fósseis no subsolo para sustentar tantas descobertas novas.
Max Langer, da USP, diz não
ter dúvidas de que há uma
tendência de expansão na
pesquisa brasileira sobre esses grandes répteis
"Primeiramente, acho que
é um reflexo da globalização
da ciência, que exige que os
pesquisadores publiquem
com uma avidez maior. Isso
faz com que alguns projetos e
fósseis engavetados vejam
nova luz", explica ele, acrescentando que muitas das novas descrições de espécies foram feitas com material que
saíram de gavetas de museus
e universidades.
Muitos desses fósseis "encontravam-se depositados
há décadas, com acesso sempre restrito", diz Ismar Carvalho, da UFRJ.
Langer também avalia que
a nova agilidade para a publicação dos resultados e a divulgação midiática deles gerou uma espécie de retroalimentação positiva entre os
interessados pelo assunto,
que acabaram entrando no
meio acadêmico. "Uma quase-geração cresceu acreditando ser possível ser paleontólogo. Com mais gente
trabalhando, e especialmente publicando, o Brasil é um
dos poucos países em que a
paleontologia está em ascensão", afirma ele.
Espaço para crescer, pelo
menos em tese, não falta:
uma estimativa recente, publicada ra revista da Academia Nacional de Ciências dos
EUA, indica que mais de 70%
dos gêneros de dinossauro
ainda são desconhecidos. Para Carvalho, no entanto, a
questão agora, no Brasil, é
um material mais raro que os
fósseis: dinheiro para pesquisa. "Creio que se esgotaram os materiais de gaveta e,
para novas descobertas, haverá a necessidade de um
trabalho bastante árduo,
bem como um enorme investimento financeiro".
(RJL)
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