São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Competição estimula os paleontólogos

DA REPORTAGEM LOCAL

Diante do crescimento exponencial da descrição de novos dinossauros genuinamente tupiniquins na última década, é inevitável perguntar quais são as razões dessa explosão e se há, de fato, fósseis no subsolo para sustentar tantas descobertas novas.
Max Langer, da USP, diz não ter dúvidas de que há uma tendência de expansão na pesquisa brasileira sobre esses grandes répteis
"Primeiramente, acho que é um reflexo da globalização da ciência, que exige que os pesquisadores publiquem com uma avidez maior. Isso faz com que alguns projetos e fósseis engavetados vejam nova luz", explica ele, acrescentando que muitas das novas descrições de espécies foram feitas com material que saíram de gavetas de museus e universidades.
Muitos desses fósseis "encontravam-se depositados há décadas, com acesso sempre restrito", diz Ismar Carvalho, da UFRJ.
Langer também avalia que a nova agilidade para a publicação dos resultados e a divulgação midiática deles gerou uma espécie de retroalimentação positiva entre os interessados pelo assunto, que acabaram entrando no meio acadêmico. "Uma quase-geração cresceu acreditando ser possível ser paleontólogo. Com mais gente trabalhando, e especialmente publicando, o Brasil é um dos poucos países em que a paleontologia está em ascensão", afirma ele.
Espaço para crescer, pelo menos em tese, não falta: uma estimativa recente, publicada ra revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA, indica que mais de 70% dos gêneros de dinossauro ainda são desconhecidos. Para Carvalho, no entanto, a questão agora, no Brasil, é um material mais raro que os fósseis: dinheiro para pesquisa. "Creio que se esgotaram os materiais de gaveta e, para novas descobertas, haverá a necessidade de um trabalho bastante árduo, bem como um enorme investimento financeiro". (RJL)


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