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POLÍTICA CIENTÍFICA
PPA destina 50% de recursos para Secretaria de Inclusão Social a despesas administrativas, sem detalhar
MCT dá R$ 37,4 mi para novo órgão gastar
MAURÍCIO TUFFANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um novo órgão do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia)
poderá destinar metade de seus
recursos só para gastos administrativos, nos próximos quatro
anos. Criada em 9 de junho, a Secretaria da Ciência e Tecnologia
para a Inclusão Social foi contemplada no projeto de lei do Plano
Plurianual 2004-2007 com R$ 75
milhões, dos quais R$ 37,4 milhões para despesas administrativas, sem detalhamento.
Os recursos, identificados como
"Gestão e Administração do Programa" da nova secretaria, seriam
suficientes para cobrir 16,3% dos
R$ 228,8 milhões previstos para
bolsas de formação e qualificação
de pesquisadores nos próximos
quatro anos pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico).
As despesas de administração
definidas no projeto de lei para os
diversos programas do MCT raramente ultrapassam 10% do total
dos recursos. De acordo com a secretaria, apesar de essas despesas
estarem classificadas como administrativas, elas prevêem também
as chamadas atividades-fins.
Não estão incluídos nesses programas gastos com pagamentos
de salários e encargos sociais. Há
poucos casos de programas do
governo federal com grandes parcelas de recursos para despesas
administrativas, como aqueles
em que são feitos repasses de verbas para Estados e municípios,
como no Ministério da Saúde.
Mas não é o caso da dotação do
novo órgão do MCT, que não prevê esse tipo de transferência.
Para Odete Medauar, especialista em direito administrativo da
Faculdade de Direito da USP, a
prática de agregar despesas de atividades-fins com os gastos administrativos, sem detalhá-los, traz
dificuldade não só para o acompanhamento da execução orçamentária, como também para o
controle por parte da sociedade.
"Isso não é recomendável do ponto de vista da lei, pois o orçamento
público deve ser transparente, e
sua execução, também."
Já está prevista para 2004 a destinação de metade dos recursos
da nova secretaria para despesas
administrativas. No Projeto de Lei
Orçamentária de 2004, que também se encontra no Congresso
Nacional, R$ 17 milhões estão alocados no programa Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, sendo que R$ 8,3 milhões -que correspondem a 48,9% do total- estão relacionados para Gestão e
Administração do Programa.
O físico Ennio Candotti, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência),
afirmou ter sido informado de
que a intenção do MCT é aplicar
parte desses recursos em atividades de divulgação científica e de
aplicação do desenvolvimento
científico para populações de baixa renda. "Algumas finalidades
desse programa que chegaram ao
conhecimento da SBPC são bem-vindas, mas teria sido melhor se
elas tivessem sido explicitadas detalhadamente nos projetos de lei."
A secretaria foi criada com o objetivo de difundir conhecimentos
e tecnologias apropriadas em comunidades carentes rurais e urbanas, elaborar programas para
apropriação dos conhecimentos
científicos nas escolas e desenvolver e aplicar tecnologias adaptadas ao meio rural e urbano, sobretudo no Norte e no Nordeste.
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