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Dupla inventa filtro para capturar CO2 de indústria
Esferas de cerâmica seriam instaladas nos sistemas de exaustão das fábricas
Em estágio atual, tecnologia
consegue remover 40% do
gás carbônico oriundo da
queima de combustíveis e
reaproveitar a substância
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois químicos da UFMG
(Universidade Federal de Minas Gerais) se uniram a uma
empresa para dar um drible no
risco representado pelo dióxido de carbono, gás que é o principal responsável pelo aquecimento global. Esferas de cerâmica desenvolvidas pela dupla
têm potencial para filtrar a
substância nas chaminés das
fábricas e transformá-la em insumo industrial, dizem eles.
Por enquanto, a invenção,
que deve ser objeto de uma patente internacional, mostrou
ser capaz de sequestrar 40% do
gás carbônico emitido pela
queima de combustíveis. Na segunda fase da pesquisa, recém-iniciada, a intenção é melhorar
esse potencial "filtrador" de
CO2 (fórmula química da substância) para algo como 60%.
A nova fase do projeto deve
mobilizar recursos da ordem
de R$ 2,3 milhões, divididos de
forma mais ou menos igual entre fundos públicos (da UFMG,
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais e da Secretaria de Estado
de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior mineira) e privados (da empresa Amatech).
Tomando a iniciativa
Aliás, num raro caso de interação entre a pesquisa universitária e o setor empresarial no
país, foi o pessoal da Amatech
que procurou a dupla da
UFMG. "Eles vieram falar com
a gente, mas ficou claro que a
ideia original deles não era viável", conta Jadson Belchior,
que toca o projeto ao lado de
Geraldo Lima. "Eles queriam
usar um material pastoso que
seria complicado de trabalhar."
Belchior e Lima puseram-se
a imaginar uma maneira de filtrar o CO2 com um material sólido, chegando às esferas de cerâmica, cuja composição química exata não pode ser mencionada ainda por causa da necessidade de conseguir a proteção da patente antes.
Eles revelam, porém, que é a
estrutura microscópica das esferas que interage com o gás,
fazendo com que este se combine à cerâmica (veja o quadro
abaixo). "Nos experimentos, as
esferas, que pesavam 10 gramas, passam a ter 14 gramas",
conta Belchior.
Ainda é preciso encontrar a
melhor maneira de integrar as
estruturas ao sistema de exaustão de uma indústria, por
exemplo. O pesquisador da
UFMG diz que uma analogia
com tocadores de CDs pode ser
útil. "Poderíamos usar algo parecido com aqueles tocadores
que possuem espaço para três
CDs, já que depois de um tempo a esfera perde a capacidade
de absorver gás carbônico", diz.
Uma vez que a "gaveta" esteja cheia, o CO2 pode ser extraído das esferas por calor ou por
reações químicas, permitindo
sua a reutilização e a reciclagem da substância como insumo para indústrias como a de
refrigerantes, cujas borbulhas
nada mais são que gás carbônico. Isso aumentaria a viabilidade econômica do processo.
Hoje, o pico de eficiência da
reação ocorre a cerca de 600
C. Como diferentes indústrias
-e diferentes tipos de exaustão- correspondem a temperaturas variadas, a ideia é ampliar a faixa de calor na qual a
reação é otimizada.
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