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MUNDO ANIMAL
Lagostim macho se finge de fêmea para agradar a "chefe"
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes humilhado do que
morto. Para evitar ser retalhado e comido por um macho dominante, um tipo de
lagostim se finge de fêmea e
os dois animais praticam
uma falsa cópula. Comum
entre mamíferos, o comportamento é visto pela primeira vez em um invertebrado.
O estudo foi feito com o lagostim de água doce Procambarus clarkii, por Fadi Issa e
Donald Edwards, da Universidade Estadual da Geórgia,
em Atlanta (EUA). Está publicado na revista científica
"Current Biology".
"Os lagostins tentam estabelecer uma hierarquia para
determinar o acesso a recursos escassos. Se eles diferem
muito em tamanho, o menor
imediatamente assume a subordinação. "Mas animais
com tamanhos parecidos sofrem uma escalada de violência", disse Edwards.
Os dois ficam se exibindo
um para o outro, urinando
para indicar que são saudáveis, e começam a se empurrar. A briga não pára por aí:
os dois lutam com as garras,
tentando atingir suas partes
moles. É quando pode surgir
a falsa cópula, de comum
acordo. O macho dominante
monta a "fêmea" e cessa a
violência. Nesses casos, todos os lagostins que adotaram a posição passiva de fêmea sobreviveram as primeiras 24 horas de interação
em aquário.
Já metade dos lagostins
subordinados que não aceitaram a "humilhação" foram
mortos nessas 24 horas.
"O comportamento copulatório já provê um meio para dois animais estranhos interagirem sem violência. No
caso dos lagostins, o mesmo
comportamento foi adaptado -ou ritualizado- para
significar a formação da hierarquia de dominância", diz
o pesquisador de Atlanta.
O dominante também tem
a vantagem de não correr o
risco de um ferimento, que
pode ser letal depois.
Os pesquisadores acham
que a incidência do fenômeno foi alta por se tratar de
testes em aquários pequenos, onde não havia fuga
possível para o dominado,
mas afirmam que sem dúvida ele existe na natureza.
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