São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006 |
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Embargo a avanço da soja amazônica é inócuo, diz ONG
Agroindústria promete rever medida em dois anos
RAFAEL GARCIA DA REPORTAGEM LOCAL A moratória de dois anos na compra de soja de áreas desmatadas da Amazônia por parte de exportadores de grãos é curta demais para ter efeito prático, afirmou ontem o grupo ambientalista Greenpeace. Segundo a ONG -um dos principais atores na pressão contra revendedores de soja amazônica-, a maioria das terras com árvores derrubadas em 2006 só vai estar com soja para colheita depois do fim da moratória. "Nada impede que um produtor que vai plantar soja daqui a três anos deixe de desmatar agora", diz Paulo Adário, diretor da campanha do Greenpeace para a Amazônia. Adário diz ter sido pego de surpresa pelo anúncio da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), anteontem. O Greenpeace estava capitaneando uma discussão entre ambientalistas e comerciantes de grãos para estabelecer uma carta de compromissos, mas os graneleiros acabaram se antecipando e divulgando um documento. O comunicado incorporou pontos consensuais entre ambientalistas e graneleiros para controle mais rigoroso da origem da soja, mas adotou um prazo de embargo que o Greenpeace não queria aceitar. Segundo Paulo Adário, ficou acertado um compromisso verbal para que a moratória seja revista em 2008, mas os termos do acordo dependem da implantação de medidas necessárias à fiscalização nesse intervalo de dois anos. "Vai ser preciso produzir mapas georreferenciados das fazendas na Amazônia para cruzar com dados de satélites", diz o ambientalista. A divisão amazônica da Amigos da Terra é outra ONG que manifesta ceticismo com relação ao impacto do embargo anunciado anteontem. Roberto Smeraldi, diretor da entidade, acredita que a importância do anúncio é mais indireta. "As traders [comerciantes de grãos] passam a reconhecer que suas políticas de compras são diretamente relevantes para o desmatamento -antes havia a negação do fato", diz. Smeraldi diz que as empresas também devem abrir informações sobre seus fornecedores para facilitar a fiscalização. Texto Anterior: Superpantanal dominou Amazônia, afirma estudo Próximo Texto: Arqueologia: Pântano irlandês revela livro de salmos com 1.200 anos Índice |
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