São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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CAPITAL INTELECTUAL

Países da Ásia e do norte da África registraram um índice de crescimento menor entre 1988 e 2001

Latinos triplicam sua produção científica

CRISTINA AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A produção científica na América Latina quase triplicou em pouco mais de uma década: a publicação de artigos em periódicos especializados cresceu de 5.600 em 1988 para 16.300 em 2001. Os dados compõem uma análise da Fundação Nacional de Ciências (NSF, na sigla em inglês), principal agência de fomento à pesquisa dos Estados Unidos.
O índice de crescimento de 191% é superior ao de outras regiões emergentes, como a Ásia (com 133%) e o norte da África (86%). O Leste Europeu, a Rússia e ex-repúblicas soviéticas apresentaram uma queda de 19%.
Em números absolutos, a Ásia publicou mais artigos do que a América Latina entre 1988 e 2001, devido principalmente à participação chinesa. Contudo, quando se divide a produção científica por número de habitantes, os latinos têm índices mais altos "e estão muito bem representados", disse à Folha o autor do estudo, Derek Hill. "Ajustar o número total per capita parece ser uma melhor maneira de comparar as nações, especialmente aquelas com grandes diferenças territoriais."
O bom desempenho é traduzido em citações por outros cientistas, que quase triplicaram. Além disso, os pesquisadores da região passaram a publicar mais em periódicos de grande prestígio, como a revista britânica "Nature" e a americana "Science".

Liderança nacional
O Brasil é a nação latino-americana com o maior número de trabalhos publicados em 2001 e também a que mostrou o maior crescimento -o país foi responsável por 44,1% da geração de artigos de ciência e engenharia.
Ao lado dos brasileiros, os argentinos, chilenos e mexicanos assinam 90% dos artigos latinos. Segundo o NSF, os quatro países possuem número relativamente alto de cientistas e engenheiros e passaram por reformas econômicas recentes, que teriam impulsionado a produção intelectual.
Para o coordenador de indicadores do Ministério de Ciência e Tecnologia, Fabio Paceli Anselmo, o índice alto é "um reflexo do crescimento de investimento em programas de pós-graduação".
Em 2001, o governo federal destinou R$ 3,4 milhões para o setor, mais R$ 3,7 milhões para a pós-graduação. O Brasil investe 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em pesquisa e desenvolvimento.
Quando os países ricos são colocados na conta, a fatia latino-americana em 2001 foi de 2,5% -pequena, porém duas vezes maior do que a registrada em 1988.
A NSF trabalhou com dados do SCI e do SSCI, principais bancos de revistas científicas do mundo, a maioria em inglês. Foram considerados apenas estudos publicados na íntegra e deixados de fora da análise artigos e capítulos em livros, por exemplo.


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