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CAPITAL INTELECTUAL
Países da Ásia e do norte da África registraram um índice de crescimento menor entre 1988 e 2001
Latinos triplicam sua produção científica
CRISTINA AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A produção científica na América Latina quase triplicou em pouco mais de uma década: a publicação de artigos em periódicos especializados cresceu de 5.600 em
1988 para 16.300 em 2001. Os dados compõem uma análise da
Fundação Nacional de Ciências
(NSF, na sigla em inglês), principal agência de fomento à pesquisa
dos Estados Unidos.
O índice de crescimento de
191% é superior ao de outras regiões emergentes, como a Ásia
(com 133%) e o norte da África
(86%). O Leste Europeu, a Rússia
e ex-repúblicas soviéticas apresentaram uma queda de 19%.
Em números absolutos, a Ásia
publicou mais artigos do que a
América Latina entre 1988 e 2001,
devido principalmente à participação chinesa. Contudo, quando
se divide a produção científica
por número de habitantes, os latinos têm índices mais altos "e estão muito bem representados",
disse à Folha o autor do estudo,
Derek Hill. "Ajustar o número total per capita parece ser uma melhor maneira de comparar as nações, especialmente aquelas com
grandes diferenças territoriais."
O bom desempenho é traduzido em citações por outros cientistas, que quase triplicaram. Além
disso, os pesquisadores da região
passaram a publicar mais em periódicos de grande prestígio, como a revista britânica "Nature" e
a americana "Science".
Liderança nacional
O Brasil é a nação latino-americana com o maior número de trabalhos publicados em 2001 e também a que mostrou o maior crescimento -o país foi responsável
por 44,1% da geração de artigos
de ciência e engenharia.
Ao lado dos brasileiros, os argentinos, chilenos e mexicanos
assinam 90% dos artigos latinos.
Segundo o NSF, os quatro países
possuem número relativamente
alto de cientistas e engenheiros e
passaram por reformas econômicas recentes, que teriam impulsionado a produção intelectual.
Para o coordenador de indicadores do Ministério de Ciência e
Tecnologia, Fabio Paceli Anselmo, o índice alto é "um reflexo do
crescimento de investimento em
programas de pós-graduação".
Em 2001, o governo federal destinou R$ 3,4 milhões para o setor,
mais R$ 3,7 milhões para a pós-graduação. O Brasil investe 0,5%
do PIB (Produto Interno Bruto)
em pesquisa e desenvolvimento.
Quando os países ricos são colocados na conta, a fatia latino-americana em 2001 foi de 2,5% -pequena, porém duas vezes maior
do que a registrada em 1988.
A NSF trabalhou com dados do
SCI e do SSCI, principais bancos
de revistas científicas do mundo,
a maioria em inglês. Foram considerados apenas estudos publicados na íntegra e deixados de fora
da análise artigos e capítulos em
livros, por exemplo.
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