São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2007

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DROGAS

Chilenos localizam área da "fissura" em cérebro de roedor

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Bastou uma injeção, bastou anestesiar temporariamente uma região do cérebro, e desapareceu o desejo do viciado pela droga. Mas, infelizmente, essa notícia se refere apenas a ratos e está longe ainda de ter uma aplicação prática em humanos.
Três pesquisadores chilenos -Marco Contreras, Francisco Ceric e Fernando Torrealba, da Pontifícia Universidade Católica do Chile em Santiago- identificaram uma região no cérebro dos roedores com papel essencial no desejo pela droga.
Eles também mostraram, em artigo publicado na edição de hoje da revista científica americana "Science", que essa região, o córtex insular ou ínsula, localizada bem no centro do órgão, também está ligada ao mal-estar e a problemas gastrointestinais produzidos por um medicamento, o lítio, usado para tratar distúrbios de comportamento.
Já se sabia que a ínsula estava relacionada ao sistema cerebral de monitoramento do corpo, do seu estado fisiológico e de suas necessidades, além das emoções.
Os chilenos agora provaram de vez que a ínsula está por trás da "fissura" do viciado pela droga, da abstinência que causa "ansiedade, irritabilidade e tristeza", como escreveram no artigo.
Os ratos eram viciados em anfetaminas. E era fácil perceber isso pelo modo como se comportavam. Ratos preferem ambientes escuros, onde estão mais seguros dos seus predadores.
Mas os cientistas viciaram os ratos em anfetaminas em um compartimento branco e iluminado, ligado por um neutro (marrom) a outro negro e escuro. Para conseguir a droga, tinham que se "arriscar" no lado claro.
Mas com uma injeção que bloqueava o funcionamento da ínsula, os ratos voltaram a preferir o ambiente negro.


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