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Cúpula amazônica começa esvaziada hoje
Sem presidentes de Peru, Colômbia, Bolívia e Equador, região debate proteção à floresta e corte de CO2
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A MANAUS
A expectativa do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva era
obter o apoio maciço dos demais sete países amazônicos à
proposta conjunta do Brasil e
da França para a Conferência
do Clima, marcada para dezembro, em Copenhague, mas
a reunião que selaria esse
apoio, hoje, em Manaus, já começa esvaziada de véspera.
Além de Lula e do presidente
da França, Nicolas Sarkozy
(que representa a Guiana Francesa), só estão sendo esperados
Hugo Chávez, da Venezuela, e
Bharrat Jagdeo, da Guiana. É
pouco para fechar algo como
uma "carta de Manaus" tratando do item que mais interessa à
região em Copenhague: o financiamento das florestas.
Até a noite de ontem, havia
informações desencontradas
sobre a participação de Alvaro
Uribe, da Colômbia, e estava
confirmado que não viriam os
presidentes do Peru, da Bolívia
e do Equador. Até mesmo o do
pequeno Suriname não se animou a comparecer. Serão representados ora pelo vice, ora
pelo ministro de Meio Ambiente e, no caso de Evo Morales, da
Bolívia, por um assessor de segundo escalão.
Uribe teria enviado uma
mensagem para Lula ontem,
alegando "problemas numa
perna" para não ir a Manaus.
Na versão de funcionários do
governo brasileiro, o presidente colombiano temia um confronto com Chávez, desviando
a atenção da imprensa internacional do tema ambiental.
Segundo o embaixador Luiz
Figueiredo Machado, diretor
do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty e principal
negociador para Copenhague, o
ideal seria que todos os países
amazônicos endossassem pura
e simplesmente a proposta
conjunta Brasil-França.
Por esse documento, os dois
cobram que os países industrializados definam "estratégias consistentes" para reduzir
suas emissões de CO2 em ao
menos 80% em relação aos
seus níveis de 1990, até 2050.
Na avaliação brasileira, a proposta apresentada pelos EUA
ontem significa retomar os níveis de 1990 até 2020. Isso prevê redução de 17% até 2020,
30% até 2025 e de 42% até
2030, em relação a 2005.
Figueiredo disse que o que
estava sendo negociado ontem
se resumia à emissão de CO2, a
proteção às florestas e a relação
entre os dois temas numa visão
consensual que pudesse ser
apresentada em conjunto.
Segundo ele, Copenhague
deve definir um fundo para o
financiamento do clima, "com
várias janelas, uma delas exclusiva para a proteção de florestas". O Brasil teria posição "flexível", pois, "admite fontes
múltiplas, com ênfase em fundos públicos, mas não apenas".
Ou seja, a proposta do Brasil
na reunião de hoje será uma
forma mista, de fundos públicos e de créditos de carbono.
Mas até ontem não havia consenso entre os técnicos, nem
vontade dos presidentes de
mergulharem nessa discussão.
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