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ANTÁRTIDA
Gelo denuncia formação de deserto no interior argentino
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
O aumento do desmatamento para a criação de ovelhas na Patagônia argentina
no último século pode estar
produzindo efeito num lugar
inusitado: a Antártida.
Um grupo de pesquisadores dos EUA, da Argentina e
do Brasil descobriu que a
quantidade de poeira no gelo
do norte da península Antártica praticamente dobrou
durante o século 20. Isso
coincide também com o aumento de 1C na temperatura do hemisfério Sul nesse
mesmo período e com o aumento da desertificação, tanto na Patagônia quanto no
norte da Argentina.
A análise foi feita a partir
de um testemunho de gelo
(um cilindro extraído de uma
geleira com o auxílio de brocas) coletado em 1998 na ilha
James Ross por Alberto Aristarain, do Instituto Antártico
Argentino, e pelo brasileiro
Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O testemunho revela a composição da atmosfera nos últimos 160 anos.
"Ficamos surpresos, porque geralmente os registros
antárticos têm uma quantidade baixíssima de poeira",
disse Simões à Folha.
Em estudo publicado hoje
na revista americana
"PNAS" (www.pnas.org),
ele e seus colegas atribuem o
fenômeno ao efeito combinado do aumento excessivo
da área de pasto na Patagônia e das mudanças climáticas. Esses fatores estariam
aumentando a área de sedimento "solto" no Cone Sul,
que é transportado pelo vento até o continente branco.
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