São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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ANTÁRTIDA

Gelo denuncia formação de deserto no interior argentino

CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA

O aumento do desmatamento para a criação de ovelhas na Patagônia argentina no último século pode estar produzindo efeito num lugar inusitado: a Antártida.
Um grupo de pesquisadores dos EUA, da Argentina e do Brasil descobriu que a quantidade de poeira no gelo do norte da península Antártica praticamente dobrou durante o século 20. Isso coincide também com o aumento de 1C na temperatura do hemisfério Sul nesse mesmo período e com o aumento da desertificação, tanto na Patagônia quanto no norte da Argentina.
A análise foi feita a partir de um testemunho de gelo (um cilindro extraído de uma geleira com o auxílio de brocas) coletado em 1998 na ilha James Ross por Alberto Aristarain, do Instituto Antártico Argentino, e pelo brasileiro Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O testemunho revela a composição da atmosfera nos últimos 160 anos.
"Ficamos surpresos, porque geralmente os registros antárticos têm uma quantidade baixíssima de poeira", disse Simões à Folha.
Em estudo publicado hoje na revista americana "PNAS" (www.pnas.org), ele e seus colegas atribuem o fenômeno ao efeito combinado do aumento excessivo da área de pasto na Patagônia e das mudanças climáticas. Esses fatores estariam aumentando a área de sedimento "solto" no Cone Sul, que é transportado pelo vento até o continente branco.


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