São Paulo, quarta, 27 de maio de 1998

Texto Anterior | Índice

CIÊNCIA
Construção total do equipamento europeu, localizado nos Andes chilenos, deverá ser concluída no ano 2003
Maior telescópio do mundo inicia operações

das agências internacionais

O maior telescópio do mundo começou a funcionar parcialmente na madrugada de ontem. Localizado em Cerro Paranal, 1.000 km ao norte de Santiago, no Chile, o aparelho foi construído por um consórcio de oito países europeus.
As observações preliminares feitas pelo VLT (sigla em inglês para Telescópio Muito Grande) tinham como objetivo testar o aparelho, não coletar dados.
Segundo o Observatório Meridional Europeu (ESO), organização responsável pelo VLT, o equipamento funcionou corretamente. O ESO é formado por cientistas da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Suécia e Suíça.
Os testes marcam o final da primeira etapa do projeto, que, de acordo com o ESO, deve ser concluído em 2003, quando os quatro espelhos do VLT estarão em funcionamento. Hoje apenas um espelho está montado.
O astrônomo João Steiner, diretor-geral do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), diz que a potência de um telescópio depende do tamanho de seu espelho e da resolução atingida.
Segundo Steiner, quanto maior o espelho, mais luz vinda do espaço ele coleta e mais poderoso é o telescópio. A resolução expressa a capacidade do aparelho em corrigir as distorções na imagem provocadas pela atmosfera terrestre.
Quando estiverem montados, os quatro espelhos do VLT deverão operar em conjunto, conferindo ao telescópio o equivalente a um espelho de 16 m de diâmetro.
O maior espelho em operação atualmente, instalado no telescópio Cekc, no Havaí (EUA), tem diâmetro de 10 m.
O VLT deverá possuir também um sistema conhecido por ótica adaptativa, que realiza correções atmosféricas.
Steiner diz que a resolução fornecida pela ótica adaptativa equivale à obtida pelo telescópio Hubble, que se encontra montado em um satélite na órbita terrestre.

Parceria com o Brasil
Em 2002, perto da localidade chilena de Cerro Pachon, deverá ser concluído outro telescópio, o Soar (sigla em inglês para Observatório Meridional para Pesquisa Astronômica).
A lente do Soar deverá ter 4 m de diâmetro, contra 1,6 m do telescópio brasileiro de Pico dos Dias, em Brasópolis (Minas Gerais).
O projeto é realizado pelo LNA em parceria com três instituições dos EUA: a Universidade do Estado de Michigan, a Universidade da Carolina do Norte e o Observatório Nacional de Astronomia Óptica.
Do projeto, financiado por instituições do Brasil e dos EUA, depende a continuidade da pesquisa astronômica no país, cujos equipamentos estão obsoletos.
"Em mais cinco anos, ou se tem algo como o Soar ou os programas ficam paralisados", diz Steiner.
O Soar deverá ter o primeiro telescópio de alta resolução de imagem do Hemisfério Sul, podendo ajudar a resolver algumas das questões referente ao nascimento das galáxias e da busca de planetas em outros sistemas solares.


Colaborou a Reportagem Local.


Texto Anterior | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.