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AMAZÔNIA
Ibama recua em acusação de biopirataria
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Luiz Hildebrando da Silva, um dos maiores parasitologistas do Brasil, e Rodrigo Stábeli, ambos radicados em Rondônia, não
vão ser mais rotulados de
biopiratas pelo Ibama.
O órgão ambiental federal desistiu de notificar os
cientistas que, na segunda-feira, haviam se recusado a receber dois de seus
fiscais em Porto Velho.
Os funcionários do Ibama iriam notificar a dupla,
acusada, de forma anônima, de praticar biopirataria (mandar para o exterior amostras da biodiversidade brasileira e de sangue de populações tradicionais sem licença).
"Não se fiscaliza biopirataria assim. Foi um ato
constrangedor e até infantil", disse à Folha, pelo
Ibama, Antônio Gamne,
da Coordenação de Operações e Fiscalização.
Segundo Stábeli, os órgãos públicos do Brasil,
com ações como essa, estão "satanizando" a ciência. "Parece que voltamos
para a Inquisição", disse.
O pesquisador suspeita
que as acusações anônimas, enviadas direto a
Brasília, devam ter saído
dos biopiratas de verdade.
"Temos todas as licenças,
emitidas pelo próprio Ibama", afirmou Stábeli.
Segundo o cientista da
Universidade Federal de
Rondônia, mais de 80%
dos estudos de bioprospecção na Amazônia hoje
acabam sendo conduzidos
no exterior por causa de
amarras burocráticas.
"É preciso colocar pessoal com formação científica para dar as licenças e
não técnicos sem preparo", afirmou o cientista,
que há cinco anos estuda
moléculas de plantas da
mata para o desenvolvimento de novos fármacos.
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