São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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"Chaminé subaquática" tem alta eficiência, diz estudo

Fossas hidrotermais oceânicas são muito mais quentes do que se imaginava

Pesquisa, publicada na revista britânica "Science", faz analogia entre os sistemas hidrotermais e radiadores ultramodernos


Universidade de Washington
Aparelho captura som de uma fossa hidrotermal oceânica

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

A radiografia das fossas hidrotermais oceânicas, espécie de grandes radiadores de alta tecnologia que trocam até 25% do fluxo de calor da Terra, mostram que essas grandes chaminés subaquáticas são "excessivamente" eficientes.
"A nossa grande surpresa é a estrutura das zonas em que o fluxo circula. Elas são estreitas e muito mais quentes do que se imaginava", afirmou à Folha o cientista Dim Coumou, do Instituto Potsdam, na Alemanha. O pesquisador e colegas publicaram os dados no mês passado na revista científica "Science".
As simulações numéricas em três dimensões feitas pelos pesquisadores da Alemanha mostram que as cadeias de fossas hidrotermais, localizadas no meio do oceano, são formadas por uma chaminé circundada por duas camadas rochosas. Na primeira delas a partir do centro, sobe com toda a velocidade a água quente, a uma temperatura de quase 400.
No segundo compartimento, a água mais fria, que circula a uma temperatura que varia de 100 a 300, flui em direção à parte de baixo da fossa.
Exatamente entre as duas zonas de fluxo de água é que o calor é trocado, antes de ser espalhado pelos mares. Normalmente, essas estruturas afloram do assoalho oceânico a 500 metros de profundidade.
"Todos tinham a idéia de que as zonas de fluxo ascendente tinham o formato de uma chaminé, mas isso nunca havia sido mostrado antes", disse Coumou. O fato de as zonas de fluxo descendente também existirem por fora da região onde a água sobe chega a ser inusitado, afirma o cientista.
A analogia com um radiador ultramoderno faz todo o sentido, segundo Coumou. Tanto os radiadores quanto os sistemas hidrotermais transportam calor de um lugar para outro, afirmou o pesquisador alemão.
"No caso do nosso estudo, mostrei que os sistemas hidrotermais existentes no assoalho oceânico apresentam uma configuração típica, que leva o transporte de calor através deles a ter uma eficiência máxima", disse o cientista.
Sem dúvida, de acordo com o cientista, as fossas são um grande radiador de alta tecnologia que removem o calor que flui desde o interior da Terra.
Assim como ocorrem no fundo do mar, as fossas hidrotermais também são encontradas em terra firme. Elas são típicas, por exemplo, do parque Yellostone (nos EUA), ou de algumas regiões dos Andes, no Chile.
"O nosso modelo também pode, em princípio, ser aplicado para as fossas que estão em terra, apesar de os compartimentos exatos dessas estruturas ainda precisarem ser identificados", afirma Coumou.
Os resultados dos fluxos, entretanto, podem ser ligeiramente diferentes, porque a pressão exercida pelo próprio oceano sobre as fossas hidrotermais marinhas é muito maior do que a pressão feita pela atmosfera sobre as fossas terrestres, que não têm chaminés aparentes como têm as fossas marinhas analisadas agora.
Os conhecidos personagens de desenho animado Zé Colméia e Catatau, além do guarda Chico, conseguem ver no máximo a boca das chaminés que chegam até o solo e permanecem em contato com o ar, por onde a água é expelida em esguichos no parque fictício Jellystone (que corresponde ao verdadeiro Yellostone).


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