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Desde 1952, não há animal grande extinto
Maioria das espécies que enfrenta redução populacional consegue sobreviver; 16% delas acabam extintas
Para pesquisadores, porém, fato de números parecerem pequenos não significa que a biodiversidade vai bem
RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO
De mais de 25 mil espécies
de vertebrados avaliadas por
cientistas ao redor do mundo, 52 dão um passo em direção à extinção todos os anos
-0,2% do total, portanto.
"Dar um passo em direção
à extinção" significa mudar
de status na classificação feita pela União Internacional
para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês),
que começa em "segura",
passa por "vulnerável" e chega, finalmente, a "extinta".
Apesar dessa aparente boa
notícia -ou ao menos uma
notícia não tão trágica-, a situação global dos vertebrados ainda preocupa. No total,
um quinto deles corre risco
de desaparecer.
A esperança é que, na
maioria dos casos, a piora na
situação das espécies se mostrou reversível. Só 16% das
ameaçadas -por volta de oito ou nove espécies- realmente acabam extintas. As
outras "descem" de status,
mas sobrevivem. O número
de animais extintos ao ano
não subiu consideravelmente nas últimas décadas.
Pelo menos desde 1996,
aliás, nenhum mamífero foi
listado como extinto, embora
haja dúvidas sobre um golfinho chinês de água doce que
anda sumido, o baiji (Lipotes
vexillifer), que pode ser um
desses casos. Desde os anos
1950, nenhum vertebrado de
grande porte foi extinto.
Essas conclusões estão na
revista "Science". Entre as
dezenas de autores, membros de ONGs como a própria
IUCN, Conservação Internacional e WWF, e cientistas de
várias universidades.
O grupo defende, porém,
que os números que apresentam não devem ser interpretados como sinal de que existe exagero sobre os riscos que
a humanidade impõe à biodiversidade mundo afora.
"Esses números podem
parecer pequenos, mas são
enormes na escala ecológica", diz Ana Rodrigues, pesquisadora portuguesa do
Centro Nacional de Pesquisa
Científica da França.
"No caso das aves, sabemos que pelo menos 130 espécies desapareceram desde
o ano de 1500. Há 10 mil espécies de aves no mundo,
mas isso é dezenas de vezes
mais do que se não houvesse
intervenção humana."
Sobre a extinção de animais grandes ter cessado,
Débora Silvano, da Universidade Católica de Brasília, diz
que eles são privilegiados.
"São animais que chamam
mais a atenção, são mais carismáticos. No caso da caça
de baleias, por exemplo, se
fala bastante no assunto."
Para ela, não há motivo
para minimizar o risco. "As
espécies estão declinando, e
as ameaças estão aí: o avanço da fronteira agrícola, o
desmatamento, caçadas."
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