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Físicos da Unicamp criam "sanfona" nanométrica
Estrutura com 3 átomos de largura estica e encolhe
Daniel Ugarte/Unicamp
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Desenho mostra átomos de prata (esferas) na nova estrutura
DA REPORTAGEM LOCAL
Cientistas brasileiros que estudam materiais na escala nanoscópica -da ordem de milionésimos de milímetro- incorporaram mais um objeto ao repertório da nanotecnologia: depois dos nanotubos e dos nanofios, uma nanossanfona.
Manipulando pequenas concentrações de átomos de prata,
o grupo do físico Daniel Ugarte,
da Unicamp, criou uma estrutura em quadrados capaz de esticar e depois se recolher. E a
molécula, assim como o fole do
instrumento musical, é oca.
"Relatamos a formação espontânea do menor nanotubo
de metal possível com uma secção transversal quadrada durante o alongamento de prata",
escrevem Ugarte e colegas na
revista "Nature Neuroscience".
O experimento onde a estranha estrutura molecular foi observada foi "como separar um
chiclete em dois pedaços", explica o físico. Uma minúscula
porção de prata é esticada até
se romper. Durante uma breve
fase intermediária do processo,
formam-se fios com poucos
átomos de espessura antes de
os dois pedaços do metal se separarem definitivamente.
Para observar como os átomos se comportam, os pesquisadores usaram um microscópio de alta resolução. Mesmo
sendo ultrapotente, o instrumento não fornece imagem nítida do material, e a determinação da estrutura é feita com cálculos que explicam as imagens.
Ugarte havia usado uma técnica similar em experimentos
realizados em 2002, quando
produziu nanofios de ouro com
um átomo de diâmetro. O objetivo de seu grupo é entender
como materiais se deterioram,
porque nanoestruturas têm
grande potencial de aplicação.
A descoberta da nanossanfona,
porém, não havia sido prevista
por modelos de computador.
"A gente fez um experimento
em condições diferentes", disse
Ugarte. "Obtivemos uma imagem que não conseguiríamos
explicar com uma estrutura
normal. A única forma de explicar os dados foi admitir que a
estrutura seria oca."
Segundo os físicos, a estrutura não é muito estável e só existe enquanto os átomos de prata
são mantidos sob tração. Isso a
impede de ganhar aplicações
práticas como as dos nanotubos de carbono -material já
usado em peças de máquinas
que requerem alta resistência.
Segundo Ugarte, por enquanto, o mérito de seu novo
trabalho é mostrar como a física experimental é importante
numa área onde se deposita
confiança demais nas previsões
feitas por computador.
"As coisas muito pequenas
podem se comportar de maneira diferente do que a gente pensa sobre elas num sistema clássico macroscópico", diz.
(RG)
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