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BIOTECNOLOGIA
Legislação britânica é a primeira no mundo a permitir criação de embriões humanos para pesquisa científica
Reino Unido libera clonagem terapêutica
DA REDAÇÃO
A partir de agora, cientistas do
Reino Unido podem produzir
embriões humanos para uso em
experimentos científicos. Um comitê da Câmara dos Lordes britânica decidiu ontem que a clonagem terapêutica deve ser permitida, sob certas condições.
A legislação é a primeira no
mundo a autorizar a criação de
embriões especificamente para
pesquisa. Há países em que o uso
de embriões em experimentos é
permitido, mas somente os produzidos por clínicas de fertilização, que seriam descartados de
qualquer maneira caso não fossem usados pelos doadores.
A lei já havia sido instituída no
ano passado, mas sua aplicação
havia sido suspensa pela Justiça
britânica em novembro, após intensos protestos de grupos antiaborto. Além de argumentar contra a criação de embriões já destinados à eliminação -uma vez
que é necessário destruí-los para
extrair as células úteis às pesquisas médicas-, eles afirmavam
que a liberação era o primeiro
passo para o desenvolvimento da
clonagem reprodutiva, que segue
vetada no Reino Unido.
O governo britânico tratou de
revisar a lei, que foi confirmada
em corte no mês passado. Mas ficou decidido que os cientistas esperariam até o veredicto do comitê da Câmara dos Lordes para
prosseguir com suas pesquisas.
O líder do comitê, Richard Harries, bispo de Oxford, disse que as
células tiradas de embriões com
duas semanas poderiam ser cruciais para pesquisas que busquem
a cura para doenças degenerativas, como os males de Parkinson
e Alzheimer. "Concluímos que
para isso ser totalmente obtido,
nenhuma avenida de pesquisa deveria ser bloqueada neste momento", disse Harries ontem.
A Associação Médica Britânica
emitiu ontem um comunicado
apoiando a decisão. "Essas pesquisas oferecem esperança real a
milhões de portadores de Alzheimer, Parkinson e diabetes."
A razão pela qual os pesquisadores acreditam nessas pesquisas
é o fato de certas células do embrião -as chamadas células-tronco- serem capazes de se
transformar em qualquer tecido,
potencialmente regenerando danos hoje em dia irreparáveis.
O ator americano Christopher
Reeve, por exemplo, sofreu um
dano irreparável em sua coluna,
que o deixou paraplégico. Ele
acredita que as células-tronco
embrionárias um dia poderão
ajudá-lo a voltar a andar.
Célebre por ter vivido o Super-Homem no cinema, Reeve é um
dos maiores defensores das pesquisas, e diz que irá ao Reino Unido para se tratar. A legislação
americana é muito mais severa
quanto ao uso de células-tronco
embrionárias (só permite estudos
suportados por financiamento federal com linhagens já estabelecidas, mas não autoriza a criação de
novas). "Eu iria ao Reino Unido.
Eu iria a qualquer lugar para terapia segura e que poderia obter a
meta da recuperação", disse.
A legislação segue polêmica, entretanto, e a resistência existe nos
mesmos termos. Ativistas acreditam que o governo está colocando
a primazia científica acima das
questões éticas e morais envolvidas na criação de embriões. E
continuam temendo que a clonagem terapêutica seja um convite à
clonagem reprodutiva.
"Pelo menos deveria haver uma
moratória internacional à clonagem de embriões até que um banimento sobre a clonagem reprodutiva estivesse em ação", afirma
a ONG Human Genetics Alert.
Com agências internacionais
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