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PSIQUIATRIA
Teste foi feito com vítimas de distúrbio de estresse pós-traumático
Droga pode reprimir lembrança ruim
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Você tem uma lembrança horrível, que causa pânico, pesadelos e
piora sua vida? Tome um beta-bloqueador e viva feliz para todo
o sempre. Essa receita fora do comum está sendo demonstrada
agora como real. Beta-bloqueadores são remédios largamente usados para problemas cardíacos, como tratar pressão alta.
Mas um grupo de psiquiatras
nos EUA descobriu que essas drogas também agem afetando memórias, notadamente apagando
as ruins, se administradas no momento certo, segundo notícia veiculada hoje pela revista "Nature".
Segundo a revista, uma equipe
de psiquiatras em Nova York vai
em breve enviar artigo sobre seu
estudo para uma revista científica.
A pesquisa envolve o uso de beta-bloqueadores para afetar a memória de vítimas de PTSD -sigla
em inglês para distúrbio de estresse pós-traumático.
Uma em cada três pessoas envolvidas num evento traumático
como um dos recentes atentados
terroristas em Londres terá sintomas da síndrome, como ataques
de pânico e lembranças despertadas por sinais associados, como
sirenes ou sons de explosão.
Pesquisas feitas com ratos já
mostraram que o beta-bloqueador propanolol afetou a capacidade do animal de reagir a estímulos
negativos -como um som tocado logo antes de receber um choque elétrico. Os ratos perdem o
medo associado ao toque sonoro.
Segundo a psiquiatra Margaret
Altemus, da Universidade Cornell, citada pela revista, a memória do evento e o medo associado
a ele sempre ocorrem juntos.
Os voluntários do estudo clínico
tomam uma dose de propanolol
ao sentirem os sintomas do estresse pós-trauma. Os cientistas
acham que a droga deve cortar a
ligação entre lembrança e medo.
As terapias hoje procuram lidar
com o problema ao tentar fazer o
paciente pensar em experiências
felizes como contraponto, mas
um terço das pessoas não consegue. Usar uma droga seria uma
opção, mas há o risco de o tratamento ser explorado para outros
fins -por exemplo, temem alguns psiquiatras, para militares
fazerem seus soldados esquecerem traumas de combate.
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