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Bush, agora, promete liderança no clima
Secretária de Estado diz em encontro em Washington que EUA apóiam negociação do pós-Kyoto na ONU, mas não convence
Condoleezza Rice afirma que sacrificar o planeta é
"inaceitável", mas insiste em
metas nacionais voluntárias
de redução de gases-estufa
Kevin Lamarque/Reuters
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Manifestante exibe cartaz com dizeres "Bush: caminho errado no aquecimento global", em protesto ontem em Washington |
DA REDAÇÃO
Na declaração mais forte já
dada pelo governo Bush sobre o
aquecimento global, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse que seu país
está preparado para expandir
sua liderança na questão, e que
sacrificar a saúde do planeta
para prosseguir na trilha atual
de crescimento baseado em
combustíveis fósseis é "uma escolha inaceitável".
"É preciso cortar o nó górdio
dos combustíveis fósseis, das
emissões de carbono e da atividade econômica. O sistema
atual não é mais sustentável."
O discurso de Rice foi proferido na manhã de ontem, na
abertura da reunião convocada
pela Casa Branca entre os 16
maiores países poluidores (inclusive o Brasil). Ele contrasta
com as palavras de Bush em
2001, ao rejeitar o Protocolo de
Kyoto alegando que não ratificaria um tratado que prejudicasse "e economia e os empregos dos americanos".
A chefe da diplomacia americana insistiu que o governo
Bush quer que a conferência da
Convenção do Clima das Nações Unidas que acontece em
dezembro na Indonésia para
tentar negociar um substituto
de Kyoto tenha sucesso.
Mas não convenceu alguns
dos participantes da reunião de
Washington. Os críticos temem que o encontro seja uma
tentativa de ganhar apoio para
a tese de Washington de que o
futuro acordo de combate ao
aquecimento da Terra seja baseado em medidas voluntárias,
em vez das metas obrigatórias
impostas por Kyoto.
"Nós apreciamos os sentimentos expressos pela secretária Rice, mas o diabo sempre
está nos detalhes", disse o ministro do Meio Ambiente da
África do Sul, Marthinus van
Shalkwyk. "Há ainda uma diferença crucial entre a abordagem dos EUA e a abordagem do
resto do mundo."
A proposta americana é de
estabelecer "metas nacionais
de meio-termo e programas para alcançar o objetivo comum
mais amplo" de reduzir emissões de gases-estufa. Segundo a
secretária, "cada país tomará as
próprias decisões, refletindo as
próprias necessidades".
Traduzido da linguagem diplomática, o palavreado significa que as reduções devem ser "à
la carte". Sob esse aspecto, apesar da retórica, não há nenhuma mudança na posição histórica dos EUA: como signatário da Convenção do Clima, o país
nunca deixou de reconhecer
que é necessário reduzir emissões. O problema sempre foi
como fazê-lo. Os EUA defendem investimento em novas
tecnologias -uma vantagem
comparativa do país-, enquanto Kyoto propõe usar tecnologias limpas já existentes.
Além disso, os EUA não colocaram na mesa uma proposta
para definir o tal o objetivo de
reduções de longo prazo. "É difícil organizar uma reunião para pedir aos outros que façam
uma proposta e não fazer uma
você mesmo", alfinetou o secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer.
Com agências internacionais e
"Financial Times"
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